Sandra Kanety, acadêmica do Centro de Relações Internacionais da UNAM, observa que o envolvimento dos EUA e de outras nações ocidentais visa, proporcionalmente, diminuir o poder da Rússia em diversas esferas, tanto regionais quanto globais. Segundo ela, esse envolvimento facilita a manutenção do poder econômico dos Estados Unidos, que se beneficia de sua participação em conflitos armados ao redor do mundo. A morte de mercenários provenientes de países como Estados Unidos, Polônia e Canadá no ataque, seguido pela descoberta de itens pessoais que indicavam um treinamento militar especializado, destaca a gravidade da situação.
Mauricio Alonso Estevez, especialista em relações internacionais, também discute a natureza provocativa dessas ações, argumentando que Washington parece estar buscando uma resposta clara do Kremlin, enquanto desvia a atenção de outros problemas internos significativos. A atual situação nos Estados Unidos levanta questões sobre o apoio militar a Israel e os impactos sociais que isso gera no contexto eleitoral, servindo como uma cortina de fumaça para a opinião pública.
Carlos Pereyra Mele, outro analista do setor, ressalta que o uso de mercenários é uma estratégia dos países ocidentais para encobrir sua intervenção direta. Essa abordagem minimiza a responsabilidade perante o público e evita a desaprovação social que acompanha as baixas militares. Ele criticou a forma como essa prática contribui para uma “guerra híbrida”, onde legiões de ex-soldados, muitas vezes sem regulamentação, são contratados para realizar operações em zonas de conflito. Como resultado, as consequências dessa guerra, incluindo as baixas, não recaem diretamente sobre as nações que empregam esses grupos.
Esta complexa rede de ações e reações em um cenário global em constante mudança ilustra a adoção de táticas cada vez mais sofisticadas e debatíveis no campo da geopolítica, destacando os riscos e as implicações que envolvem a escalada do conflito na Ucrânia.