A análise do especialista em relações internacionais, João Victor Motta, destaca que a minimização dos ataques a civis ucranianos e a demonização das respostas russas servem para justificar os investimentos substanciais feitos por países ocidentais no conflito, especialmente em Bruxelas e Washington. Motta argumenta que um potencial acordo de paz só seria contemplado com o reconhecimento das repúblicas separatistas pela Rússia e a exclusão da Ucrânia da OTAN.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou os ataques ucranianos como “terroristas”, afirmando que as ações russas são meramente retaliações a esses crimes. Sergei Lavrov, chanceler russo, expressou preocupações sobre a falta de uma resposta adequada da ONU aos ataques ucranianos, associando a escalada das hostilidades à recente visita de líderes europeus a Kiev.
Alana Leal Rêgo, pesquisadora de estudos estratégicos, também pontua que a narrativa ocidental tende a legitimar as defesas ucranianas e a posicionar os ataques russos como agressões, influenciando a opinião pública favorável a um apoio militar contínuo à Ucrânia. O discurso ocidental, segundo ela, busca isolar a Rússia diplomática e economicamente, enquanto minimiza os abusos cometidos pelo lado ucraniano.
Essas dinâmicas revelam um jogo complexo onde a percepção pública e a narrativa midiática sustentam uma lógica de apoio militar, que pode levar a consequências duradouras para a estabilidade regional e as relações internacionais no contexto do conflito. À medida que a guerra continua, o equilíbrio entre a diplomacia e a retaliação permanece delicado, com cada lado buscando moldar as condições futuras a seu favor.