O que acontece quando você faz o pagamento mínimo do cartão



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São Paulo – Os juros cobrados pelos bancos quando o cliente faz apenas o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito são os mais caros do mercado: chegam a 414,3% ao ano, em média, segundo a mais recente pesquisa mensal de juros do Banco Central. Apesar de ser uma taxa caríssima, nem sempre os clientes dimensionam como uma taxa dessas multiplica o valor da dívida.

Esse crédito que entra em jogo quando o cliente paga apenas uma parte da fatura do cartão, empurrando o resto do valor para frente, é chamado de rotativo. Como o nome sugere, essa linha de crédito faz o saldo devedor rodar automaticamente para a fatura do mês seguinte.

Como os juros são altíssimos, em poucos meses o saldo devedor se multiplica e facilmente supera o valor da fatura que foi parcelado inicialmente, transformando a dívida em uma bola de neve.

 

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A partir dos dados do ranking de juros do Banco Central, EXAME.com simulou como uma dívida no rotativo do cartão evolui nos principais bancos do mercado, de acordo com as taxas cobradas em cada um deles. Foram considerados no levantamento os seis bancos com maior número de clientes do país: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú e Santander.

Dentre os seis bancos incluídos no levantamento, a Caixa cobra os juros mais baixos, em média, e o Itaú cobra a taxa mais alta. Assim, enquanto na Caixa o cliente que joga para o rotativo uma dívida de 500 reais paga 1.755,88 reais após um ano, no Itaú a dívida sobe para 3.662,37 reais no mesmo período.

Veja, na tabela abaixo, as taxas médias cobradas por cada banco e quanto o cliente paga ao parcelar 500 reais da sua fatura e entrar no cartão de crédito rotativo.

Banco Taxa de juro ao mês Taxa de juro ao ano Juros pagos após um ano
Caixa 11,14% 255,12% R$ 1.755,88
Banco do Brasil 14,12% 387,79% R$ 2.439,56
HSBC 15,61% 469,79% R$ 2.850,46
Bradesco 15,93% 489,38% R$ 2.946,59
Santander 16,50% 525,03% R$ 3.125,22
Itaú 18,05% 632,19% R$ 3.662,37

Fonte: Banco Central 

A simulação mostra que na Caixa, o banco com o crédito rotativo mais barato, a dívida de 500 reais mais do que triplica após um ano. Já no Itaú, que tem a taxa mais alta, a dívida chega a ficar sete vezes maior após 12 meses.

Ainda que os valores mudem bastante de acordo com o banco, a linha de crédito deve ser evitada a todo custo, seja qual for a instituição. Além de ser uma linha extremamente cara, não faz sentido contratá-la porque existem opções de empréstimo mais baratas no mercado, caso o cliente não consiga quitar 100% da fatura do cartão de crédito no mês.

Cuidado deve ser redobrado agora

Com o alto patamar da taxa básica de juros, Selic, que está nos 14,25% ao ano, os bancos tendem a repassar essas elevações aos seus empréstimos.

Assim, é ainda mais importante evitar o rotativo do cartão de crédito e outras linhas mais salgadas como o cheque especial e o parcelamento do cartão – linha que permite parcelar a fatura do cartão, mas sem jogar a dívida toda para a fatura do cartão mês seguinte, como ocorre no rotativo (veja as diferenças entre o parcelamento e o rotativo do cartão).

Porém, apesar dos altos custos, linhas de crédito como o cheque especial e o rotativo costumam ser muito usadas por clientes por serem automáticas.

Para usar o rotativo, por exemplo, o cliente não precisa pedir autorização ao banco. Geralmente o correntista já tem um valor pré-aprovado no rotativo e os canais de atendimento do banco já costumam oferecer a opção de pagamento mínimo do cartão – e o pior, eles a oferecem como se fosse uma opção tão boa quanto o pagamento de 100% da fatura.

Alternativas

Caso não seja possível pagar a fatura do cartão, é importante buscar linhas de crédito com juros menores para quitar a dívida.

Um dos tipos de empréstimo mais baratos do mercado hoje é o crédito consignado. De acordo com dados do Banco Central, os juros do consignado para trabalhadores de empresas privadas são de 40,4% ao ano, em média – bem abaixo dos 414,3% do rotativo.

Como no crédito consignado as parcelas da dívida são descontadas da folha de pagamento do devedor, os bancos têm mais garantia de que receberão o pagamento em dia e oferecem taxas inferiores às de empréstimos que não têm essa segurança.

Exame

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