A pressão sobre a Igreja Católica na Nicarágua não é novidade, mas a recente ofensiva representa uma escalada significativa. Haydee Castillo, ativista exilada nos Estados Unidos, utilizou sua conta na rede social X para informar que forças policiais e paramilitares invadiram Matagalpa durante a noite, intensificando o clima de tensão na região.
Até o momento, o governo nicaraguense não se pronunciou sobre as alegações feitas pelo coletivo de direitos humanos. Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, acusam a Igreja Católica de ter apoiado os protestos de 2018, os quais resultaram em mais de 300 mortes, segundo dados da ONU. O governo de Ortega sustenta que esses protestos foram uma tentativa de golpe de Estado orquestrado por Washington. Murillo chegou a chamar os líderes religiosos de “filhos do demônio” e “agentes do mal”, acusando-os de praticar “terrorismo espiritual”.
Essa repressão atual é descrita pelo coletivo como a maior desde dezembro de 2023, quando dezenas de sacerdotes foram detidos. Em janeiro deste ano, aproximadamente 30 religiosos foram libertados e enviados ao Vaticano, em um gesto que chamou atenção internacional.
A ofensiva contra a Igreja Católica na Nicarágua faz parte de um contexto mais amplo de perseguição a diferentes grupos cristãos no país. Relatórios de especialistas da ONU, divulgados recentemente, indicam que o governo de Ortega mantém ataques “sistemáticos” contra a Igreja desde os protestos de 2018. De acordo com o Coletivo Nicarágua Nunca Mais, de então até março de 2024, foram documentados 73 casos de prisões arbitrárias de membros da Igreja Católica e outras denominações cristãs, com a possibilidade de os números reais serem ainda mais altos.
A situação na Nicarágua continua crítica, com a comunidade internacional observando atentamente os desdobramentos e a resposta do governo frente às denúncias de violação de direitos humanos e repressão religiosa.