O defensor público responsável, João Augusto Sinhorin, agiu baseado em dados coletados junto ao Conselho Tutelar local, além de depoimentos de professores e profissionais de saúde que acompanharam o caso. Foi revelado que os menores habitavam um ambiente insalubre, careciam de higiene básica e padeciam de alimentação inadequada. A situação era agravada pelas constantes faltas escolares e pela presença de algumas crianças em contextos impróprios, inclusive em companhia de usuários de drogas.
A postura negligente dos pais foi além, com a recusa de cuidados médicos essenciais. Um caso que chamou atenção foi o de um dos irmãos que sofria com um abscesso dental há três meses sem tratamento adequado, enfrentando a negativa dos responsáveis em procurar atendimento odontológico ou médico, mesmo diante de agravamento severo da saúde do menino. O ambiente doméstico também era palco de violência e exposições a relações indevidas, com, por exemplo, a vinculação de uma das meninas a um adulto.
A justiça foi acionada pela Defensoria Pública, que conseguiu uma decisão que resultou no afastamento imediato das crianças do lar, estipulando o mínimo de 60 dias para qualquer contato com os genitores. Essa medida visa assegurar o bem-estar e a proteção das crianças, agora sob os cuidados de uma instituição apropriada. Além disso, todas foram cadastradas no Sistema Nacional de Acolhidos e terão um Plano Individual de Atendimento elaborado para garantir o suporte necessário. A decisão ainda prevê a apreensão de documentos pessoais, assegurando acesso a serviços básicos e de saúde, uma tentativa de reconstruir uma trajetória digna para essas crianças, longe do cenário de abandono em que viviam.