De acordo com um novo estudo publicado, os pesquisadores identificaram nada menos que 14 dos 20 aminoácidos essenciais para a vida, além de uma alta concentração de amônia, que se mostrou crucial para muitos processos biológicos. As amostras também revelaram a presença das cinco nucleobases fundamentais que compõem o DNA e o RNA dos organismos na Terra. Embora essas descobertas não indiquem, diretamente, que a vida exista ou tenha existido em Bennu, os cientistas argumentam que as condições propícias para o surgimento da vida estiveram presentes no sistema solar primitivo.
Durante uma coletiva de imprensa, Nicky Fox, administrador associado da NASA, expressou otimismo com a possibilidade de que essas condições possam ter levado à formação de vida em outros lugares do cosmos. A missão levantou a intrigante questão de por que, então, a vida não se desenvolveu em Bennu, uma questão que promete ser um tema de pesquisa aprofundada por parte dos astrobiólogos.
Além dos aminoácidos e nucleobases, os cientistas descobriram uma salmoura composta por 11 minerais essenciais que incluem carbonato de sódio, fosfato, sulfato, cloreto e flúor. Com uma concentração de amônia 230 partes por milhão — um nível notavelmente mais alto que o encontrado na Terra — esses elementos revelam que Bennu e seus progenitores asteroides provavelmente se formaram nas regiões mais frias do espaço, onde a amônia pode existir na forma de sal. Análises similares foram encontradas em outros corpos celestes, como o planeta anão Ceres e a lua de Saturno, Encélado.
Entretanto, uma das descobertas mais intrigantes se refere à quiralidade das moléculas encontradas, uma característica que é crucial para a vida como a conhecemos. Enquanto a maioria dos meteoritos analisados anteriormente apresentava uma predominância de moléculas canhotas, as amostras de Bennu revelaram uma mistura equitativa de formas canhotas e destras, um resultado inicialmente desanimador para alguns cientistas que esperavam confirmar teorias anteriores sobre a singularidade da formação de vida.
A missão OSIRIS-REx, portanto, não apenas expandiu nosso conhecimento sobre a matéria proveniente do espaço, mas também lançou novas luzes sobre questões fundamentais da biologia e da astrobiologia, levantando questões que exigirão uma exploração contínua sobre o que realmente significa ser “vivo”. A busca pela compreensão da vida, seja ela na Terra ou além, continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pela ciência contemporânea.