MUNICIPIOS – “TCU Lança Guia para Transição Segura de Prefeituras e Evita Descontinuidade nos Serviços Públicos”



A transição de mandatos é um momento crucial para a gestão pública municipal no Brasil, especialmente considerando o período entre o final de 2024 e o início de 2025, quando diversos municípios passarão por trocas de prefeitos e equipes técnicas. Para garantir que essa transição ocorra sem prejuízos à continuidade dos serviços públicos, o Tribunal de Contas da União (TCU) colaborou na elaboração do “Caderno de Encerramento e Transição de Mandatos em Municípios Brasileiros”, uma iniciativa que visa orientar gestores municipais na prestação de contas e nas boas práticas de administração.

Dione Mary de Cerqueira Barbosa, auditora-chefe da Unidade de Auditoria Especializada em Tomada de Contas Especial do TCU, destaca a importância desse período de transição. “É essencial preservar o interesse público e assegurar que os serviços prestados aos municípios sejam continuados”, afirma. Ela compara a ação a uma “passagem de bastão” entre administrações, enfatizando a honra de servir à sociedade e a responsabilidade de deixar um legado positivo.

O citado caderno, organizado pela Associação Brasileira de Municípios, compila diretrizes fundamentais para uma transição segura e transparente. As orientações contidas visam reduzir riscos de responsabilização dos novos gestores por desconhecimento das normas ou omissão no dever de prestar contas. Dione Barbosa sublinha a relevância de cumprir as leis de Responsabilidade Fiscal e Eleitoral, além de garantir a transparência dos dados e o foco na supremacia do interesse público.

Em entrevista, Dione explica que o TCU sempre apoia ações educativas relacionadas ao controle da gestão pública, com ênfase também na prestação de contas ao fim de mandatos. “O Tribunal fiscaliza a descentralização de recursos e a prestação de contas, algo que deve ser privilegiado pelos gestores para evitar responsabilizações”, pontua.

Para os gestores municipais que enfrentam a transição pela primeira vez, a auditora recomenda atitudes de boa-fé e organização. “Deixe o município em situação de adimplência, proporcionando condições para a continuidade administrativa e evitando responsabilizações futuras”, aconselha. Ela também sugere a formação de equipes de transição para garantir um diálogo contínuo entre as gestões, além de uma completa compreensão da estrutura administrativa e das finanças municipais.

A prática de boas ações governamentais foi destacada por Dione ao citar a lei federal que disciplina a transição de mandatos, facilitando a centralização de informações e a tomada de decisões rápidas pelos novos gestores. A ausência de leis semelhantes nos municípios deixa a transição como um ato voluntário, sujeito à boa-fé dos gestores.

No tocante às responsabilidades fiscais, a auditora chama a atenção para pontos críticos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), como o controle das despesas com pessoal, a proibição de realizar créditos por antecipação de receita e a vedação de contrair obrigações de despesa que não possam ser cumpridas no ano, gerando restos a pagar.

Sobre a Lei Eleitoral, Dione reforça a necessidade de defender o interesse público sobre interesses pessoais e eleitorais, alertando para as implicações de uso indevido da máquina pública em campanhas.

Por fim, ela aborda as consequências de uma má prestação de contas, destacando que a responsabilidade pode ser compartilhada entre o gestor atual e o sucessor, especialmente em casos de omissão. “A prestação de contas é um dever do gestor e um direito da sociedade”, resume Dione Barbosa, alertando para as possíveis sanções, como multas e responsabilizações, em caso de falhas nesse procedimento.

A iniciativa do TCU e das associações municipais em produzir materiais educativos e normativos é um passo importante para fortalecer a administração pública e garantir que a transição de mandatos ocorra de maneira eficiente e transparente, em benefício de toda a sociedade.

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