Ao chegar para realizar o Enem, Iranilde foi direcionada para uma sala privativa, conforme recomendação médica, por ser considerada uma pessoa com deficiência (PCD). No entanto, ao informar aos fiscais sobre a necessidade de manter ligado o neuroestimulador que controla suas dores, a candidata foi retirada da sala e teve sua prova interrompida. Mesmo apresentando confirmação do próprio site do Inep de que suas condições específicas seriam atendidas, incluindo o uso do aparelho, Iranilde foi impedida de prosseguir com o exame.
Segundo relatos da própria candidata, ela se ofereceu para deixar o controle do dispositivo com a equipe, para que pudessem ajustar a potência conforme necessário durante a prova, mas a proposta foi recusada. A situação se agravou quando o coordenador do local sugeriu que ela deixasse o aparelho desligado do lado de fora da sala, ligando-o apenas sob supervisão, o que prejudicaria sua concentração e desempenho no exame, além de expor a candidata a fortes dores.
Após a desclassificação, Iranilde tentou deixar a sala para pedir ajuda, porém foi impedida de sair até o final da prova. Somente após duas horas de espera é que ela conseguiu sair e foi amparada por policiais sensibilizados com sua situação de vulnerabilidade emocional. A candidata foi levada ao hospital para receber cuidados médicos e estabilizar seu estado emocional, pois estava abalada com a forma como foi tratada.
O caso de Iranilde é marcado por uma história de luta contra dores crônicas na coluna, que a acompanharam por anos e a levaram a buscar diversos tratamentos, incluindo cirurgias sem sucesso. A candidata, em posse de relatórios médicos que atestavam sua condição e a necessidade do uso do neuroestimulador, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal e lamentou a perda da oportunidade de realizar a prova, manifestando seu sentimento de desrespeito.
Apesar das tentativas de contato, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não respondeu às solicitações de esclarecimento sobre o ocorrido até o momento. O caso de Iranilde evidencia a importância da sensibilidade e do acolhimento de candidatos com necessidades especiais durante a realização de provas de grande impacto em suas vidas, como o Enem. A busca por medidas que garantam a equidade e a inclusão de todos os candidatos se faz urgente, a fim de evitar situações como a que acometeu a candidata de São Sebastião.