Mulher com doença rara é desclassificada do Enem por uso de dispositivo médico necessário para controlar dor crônica na coluna.

Uma moradora de São Sebastião, cidade localizada no Distrito Federal, foi desclassificada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devido a uma situação lamentável e desrespeitosa durante a realização da prova. Iranilde Rodrigues de Sousa, de 49 anos, portadora de uma doença rara que causa dores crônicas na coluna, teve seu direito de uso de um aparelho eletrônico para controlar a dor negado pela organização do exame.

Ao chegar para realizar o Enem, Iranilde foi direcionada para uma sala privativa, conforme recomendação médica, por ser considerada uma pessoa com deficiência (PCD). No entanto, ao informar aos fiscais sobre a necessidade de manter ligado o neuroestimulador que controla suas dores, a candidata foi retirada da sala e teve sua prova interrompida. Mesmo apresentando confirmação do próprio site do Inep de que suas condições específicas seriam atendidas, incluindo o uso do aparelho, Iranilde foi impedida de prosseguir com o exame.

Segundo relatos da própria candidata, ela se ofereceu para deixar o controle do dispositivo com a equipe, para que pudessem ajustar a potência conforme necessário durante a prova, mas a proposta foi recusada. A situação se agravou quando o coordenador do local sugeriu que ela deixasse o aparelho desligado do lado de fora da sala, ligando-o apenas sob supervisão, o que prejudicaria sua concentração e desempenho no exame, além de expor a candidata a fortes dores.

Após a desclassificação, Iranilde tentou deixar a sala para pedir ajuda, porém foi impedida de sair até o final da prova. Somente após duas horas de espera é que ela conseguiu sair e foi amparada por policiais sensibilizados com sua situação de vulnerabilidade emocional. A candidata foi levada ao hospital para receber cuidados médicos e estabilizar seu estado emocional, pois estava abalada com a forma como foi tratada.

O caso de Iranilde é marcado por uma história de luta contra dores crônicas na coluna, que a acompanharam por anos e a levaram a buscar diversos tratamentos, incluindo cirurgias sem sucesso. A candidata, em posse de relatórios médicos que atestavam sua condição e a necessidade do uso do neuroestimulador, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal e lamentou a perda da oportunidade de realizar a prova, manifestando seu sentimento de desrespeito.

Apesar das tentativas de contato, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não respondeu às solicitações de esclarecimento sobre o ocorrido até o momento. O caso de Iranilde evidencia a importância da sensibilidade e do acolhimento de candidatos com necessidades especiais durante a realização de provas de grande impacto em suas vidas, como o Enem. A busca por medidas que garantam a equidade e a inclusão de todos os candidatos se faz urgente, a fim de evitar situações como a que acometeu a candidata de São Sebastião.

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