Moradores do Setor de Inflamáveis reerguem barracos um mês após ação de derrubada; situação se agrava com falta de água e lixo nas ruas



Um mês após a ação de demolição realizada pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal no Setor de Inflamáveis, moradores da região voltaram a erguer barracos com materiais improvisados, como madeirite e lona. A situação alarmante, observada em uma recente visita ao local, revelou a construção de pelo menos dez novas estruturas clandestinas. A Defesa Civil já havia alertado sobre os riscos associados a essas moradias precárias, que estão localizadas nas proximidades de empresas que armazenam combustíveis inflamáveis. As condições precárias, somadas à presença de instalações elétricas e de água irregulares, transformam o terreno em um verdadeiro “campo minado”.

Os relatos dos moradores sobre as condições de vida são preocupantes. Muitos enfrentam dificuldades extremas, como a falta de acesso a água potável, alimentação, roupas e itens básicos de higiene pessoal. A situação é ainda mais complicada pela ausência de banheiros, levando as pessoas a fazerem suas necessidades em áreas de mata. O acampamento é marcado pela poeira e acúmulo de lixo, que são despejados diretamente nas ruas. Para cozinhar, os moradores improvisam fogões com pedras e tijolos, dada a falta de energia elétrica, que também causou o descarte de eletrodomésticos em terrenos baldios.

A ação de desocupação, realizada no dia 5 de maio, vivenciou resistência dos moradores, resultando em protestos e uma ocupação temporária da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O governo local defendeu a operação com base na ilegalidade da ocupação e na proximidade do local com áreas de risco, devido à presença de produtos inflamáveis. O Ministério Público também se manifestou, cobrando medidas para proteger os direitos das crianças e adolescentes afetados pela desocupação.

Com as derrubadas agora suspensas por 90 dias, o governo do DF está analisando a possibilidade de incluir a regularização do local em planos de desenvolvimento territorial. Durante esse período, as famílias afetadas terão a chance de permanecer onde estão, desde que seus barracos não estejam em áreas identificadas com alto risco. A Secretaria de Desenvolvimento Social relatou que, desde a operação, tem prestado atendimento e oferecido refeições para as famílias, embora algumas tenham recusado acolhimento institucional.

Recentemente, o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, visitou a ocupação e se comprometeu a buscar um diálogo com o governo local para encontrar soluções adequadas para os moradores, reafirmando o direito à moradia. A Casa Civil confirmou que seguirá cadastrando essas famílias para inclusão em programas de assistência, analisando cada caso conforme as diretrizes legais.

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