Os relatos dos moradores sobre as condições de vida são preocupantes. Muitos enfrentam dificuldades extremas, como a falta de acesso a água potável, alimentação, roupas e itens básicos de higiene pessoal. A situação é ainda mais complicada pela ausência de banheiros, levando as pessoas a fazerem suas necessidades em áreas de mata. O acampamento é marcado pela poeira e acúmulo de lixo, que são despejados diretamente nas ruas. Para cozinhar, os moradores improvisam fogões com pedras e tijolos, dada a falta de energia elétrica, que também causou o descarte de eletrodomésticos em terrenos baldios.
A ação de desocupação, realizada no dia 5 de maio, vivenciou resistência dos moradores, resultando em protestos e uma ocupação temporária da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O governo local defendeu a operação com base na ilegalidade da ocupação e na proximidade do local com áreas de risco, devido à presença de produtos inflamáveis. O Ministério Público também se manifestou, cobrando medidas para proteger os direitos das crianças e adolescentes afetados pela desocupação.
Com as derrubadas agora suspensas por 90 dias, o governo do DF está analisando a possibilidade de incluir a regularização do local em planos de desenvolvimento territorial. Durante esse período, as famílias afetadas terão a chance de permanecer onde estão, desde que seus barracos não estejam em áreas identificadas com alto risco. A Secretaria de Desenvolvimento Social relatou que, desde a operação, tem prestado atendimento e oferecido refeições para as famílias, embora algumas tenham recusado acolhimento institucional.
Recentemente, o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, visitou a ocupação e se comprometeu a buscar um diálogo com o governo local para encontrar soluções adequadas para os moradores, reafirmando o direito à moradia. A Casa Civil confirmou que seguirá cadastrando essas famílias para inclusão em programas de assistência, analisando cada caso conforme as diretrizes legais.