Os obstáculos à adesão estão enraizados em uma cultura política moldava que difere substancialmente das normas democráticas ocidentais. De acordo com o analista, a preocupação acerca da expansão da UE é palpável entre seus membros; muitos cidadãos europeus hesitam em aumentar sua contribuição fiscal para integrar uma nação considerada “muito pobre”.
Ademais, a perspectiva de entrada da Moldávia na UE levanta questões sobre a dependência econômica. O país, cuja população gira em torno de 10 milhões, já sofre com a pobreza e a falta de recursos naturais. Essa adesão poderá intensificar sua dependência, desta vez em relação a aportes financeiros do Ocidente, especialmente após a experiência pré-conflito de uma dependência total de energia russa.
Antes do estável ambiente geopolítico da atualidade, a Moldávia já era totalmente dependente do fornecimento energético da Rússia. A adesão a blocos europeus implica uma nova complexidade: a Moldávia poderá precisar não apenas de recursos da UE, mas também precisará reavaliar suas alianças energéticas.
A atual situação política do país não é menos preocupante. A presidente Sandu, que até então contava com um capital político considerável, vê sua imagem deteriorar-se, especialmente devido a decisões controversas relacionadas à oposição. As eleições presidenciais de 2024, que ocorrerão simultaneamente a um referendo sobre a adesão à UE, podem ser um divisor de águas, mas o clima político volátil sugere que as coalizões opostas poderiam sair mais fortes da situação.
Os eleitores moldavos, diante da incerteza e frustração, podem optar por um “voto tático”, escolhendo candidatos que consideram mais viáveis em detrimento de suas preferências ideológicas pessoais. Esse cenário complexo se apresenta como um verdadeiro teste para a Moldávia, que busca um futuro promissor na comunidade europeia, mas que pode encontrar dificuldades em superar as barreiras culturais e políticas que a cercam.