O entendimento dentro do ministério é de que Milei teve que suavizar seu discurso após o primeiro turno, especialmente ao aceitar o apoio da candidata Patricia Bullrich, apoiada pelo ex-presidente liberal Maurício Macri, o que foi crucial para sua vitória. A equipe de Fernando Haddad no Brasil aguarda a indicação do novo ministro da economia argentino para estabelecer contato.
Ainda segundo fontes do Ministério da Fazenda, a ideia de dolarizar a economia e acabar com o Banco Central na Argentina é vista como uma forma de desregulamentar a economia, e não se acredita na sua extinção total. Além disso, há preocupação com o possível afastamento de Milei do bloco dos Brics e a perda de esforços para que a Argentina pudesse integrar este grupo.
Por outro lado, as relações bilaterais no comércio entre Brasil e Argentina não devem ser afetadas pelas diferenças políticas entre os dois países, especialmente porque os negócios são realizados no setor privado. Apesar de haver um superávit na balança comercial brasileira em relação à Argentina, não há um temor imediato de que isso possa ser afetado, visto que os exportadores argentinos contam com a continuidade no envio de produtos para o mercado brasileiro.
No entanto, dentro do Ministério da Fazenda, existe a preocupação de que Milei possa se tornar mais radical ao longo de seu mandato, principalmente se Donald Trump for reeleito nos Estados Unidos no próximo ano. Integrantes do governo também fazem uma comparação com os ex-presidentes Jair Bolsonaro, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, que adotaram discursos contra a China mas acabaram promovendo maior integração econômica com o país asiático durante seus mandatos.
Segundo um integrante da pasta, espera-se que Milei adote uma postura mais realista e pragmática, especialmente em relação às relações econômicas com o Brasil, e mantenha o país no Mercosul e dê continuidade ao acordo com a União Europeia, apesar de seu discurso ultraliberal durante a campanha eleitoral.