Barroso abordou o questionamento constante acerca do protagonismo do STF, atribuindo essa centralidade a dificuldades enfrentadas pelo Congresso Nacional em legislar. Segundo ele, a forte polarização social no país tem dificultado a atuação do Parlamento, o que, em consequência, traz o STF para o centro das decisões políticas. O ministro enfatizou que, embora esse modelo apresente complexidades e desafios, ele é responsável pela manutenção de 37 anos de democracia e estabilidade institucional.
Durante sua fala, Barroso fez alucões a eventos recentes, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que esteve sob análise por tentativa de golpe de Estado, um caso marcado por pressão política e internacional. Durante tal processo, ministros do STF e suas famílias enfrentaram sanções econômicas que haviam sido impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, além de uma série de ataques constantes à Corte. Tais episódios sublinham a complexidade dos desafios enfrentados pela instituição.
Perto do final de seu pronunciamento, Barroso fez uma reflexão profunda sobre o cenário do Brasil desde a adoção da Constituição de 1988. Ele ressaltou que o país não experimentou os horrores de repressão institucional, como torturas, desaparecimentos forçados ou censura à imprensa, algo que deve ser valorizado em tempos de crescente insegurança e incerteza política. Deixando um legado reflexivo, Barroso se despede da presidência do STF, com a expectativa de que o ministro Edson Fachin, que assumirá o cargo na próxima segunda-feira (29), dê continuidade a essa missão vital para a democracia brasileira.