Os espaços ocupados pelos camelôs eram medidos com fita métrica e a cobrança era feita de forma calculada e sistemática. Documentos apreendidos durante a investigação detalham os valores cobrados de cada setor das barracas, chegando a valores que variam de R$ 50 a R$ 100.
Essa prática criminosa era coordenada pelo casal Peterson Ribeiro Batista e Kelen Fernanda Cardoso, associados aos policiais militares que integravam a milícia do Brás. Utilizando associações como fachada, como a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Comércio Solidário do Brás, a quadrilha extorquia valores dos comerciantes, principalmente imigrantes sul-americanos.
Durante a operação realizada em dezembro, foram cumpridos mandados de busca e apreensão que resultaram na prisão de nove pessoas, incluindo três PMs da ativa, três reformados e uma escrivã da Polícia Civil. A investigação revelou a atuação criminosa da milícia, que contava com o apoio desses agentes públicos para extorquir os comerciantes.
Câmeras escondidas, escutas ambientais e grampos telefônicos foram usados pelos investigadores para registrar os flagrantes da atuação da milícia do Brás. A denúncia feita pelo MPSP detalha como os policiais cobravam valores exorbitantes dos ambulantes, chegando a exigir até R$ 15 mil por ano e R$ 400 por mês. Aqueles que não pagavam eram encaminhados para agiotas e sofriam ameaças e intimidação.
O esquema criminoso envolvendo policiais militares e civis revela a vulnerabilidade dos comerciantes na região do Brás, especialmente os imigrantes em situação irregular. A Promotoria destaca a submissão dessas vítimas às organizações criminosas, que contam com a participação de agentes públicos para impor suas extorsões.
Até o momento, a defesa dos acusados não foi localizada para comentar sobre o caso. O desdobramento desse escândalo certamente continuará gerando repercussão na sociedade paulistana e levantando debates sobre a segurança pública e a conduta dos agentes responsáveis por proteger a população.