Em uma entrevista recente, Milei confirmou que está determinado a buscar um TLC, aproveitando a suposta afinidade ideológica entre sua administração e a de Trump. Essa continuidade nas negociações parece ser uma esperança para Milei, que acredita que a relação com Trump pode facilitar também as interações da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), um fator crucial para a recuperação econômica do país.
Contudo, especialistas em Relações Internacionais como Emanuel Porcelli, alertam que essa proposta pode ser mais um “balão de ensaio” do que uma possibilidade concreta, dado o histórico de negociações entre Argentina e EUA, que remonta a 2005, sem progresso significativo nas tentativas de estabelecer um acordo comercial. Além disso, a retórica protecionista que caracterizou a administração anterior de Trump levanta dúvidas sobre a viabilidade de um TLC real.
A intenção de Milei não apenas estabelece um novo eixo nas relações da Argentina, mas também pode intensificar as divisões dentro do Mercosul. O último encontro entre os líderes do bloco está agendado para dezembro, e a proposta de Milei pode resultar em uma posição mais radicalizada da Argentina frente aos outros membros, especialmente em relação ao Brasil. A resistência do governo brasileiro em aceitar que seus parceiros negociem individualmente com outros países sem o consentimento geral deve ser um ponto central dessa discussão.
Este cenário multifacetado indica que, enquanto Milei busca se alinhar mais estreitamente com os EUA, a reação do Mercosul e, especificamente, do Brasil, será crucial para determinar a nova dinâmica do comércio regional na América do Sul. O impacto desse movimento ainda está por ser avaliado, mas o ônus de uma possível estagnação do Mercosul pode recair sobre as costas da estratégia de Milei.









