Milei considera saída do Mercosul para firmar acordo de livre comércio com os Estados Unidos e reforçar laços com a China em Davos.



O presidente da Argentina, Javier Milei, acendeu uma nova polêmica ao considerar a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul, com o intuito de estabelecer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. A declaração foi feita durante uma entrevista no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, onde o líder argentino buscou enfatizar sua prioridade nas relações comerciais com os EUA.

Milei argumentou que, embora exista a expectativa de conseguir um acordo sem a necessidade de abandonar o Mercosul, ele não hesitaria em tomar tal medida se as condições econômicas exigissem. “Se as condições extremas exigirem, sim, [deixaremos o Mercosul]. Mas há mecanismos que podem ser usados dentro do Mercosul”, comentou o presidente, ressaltando que ainda acredita na flexibilidade do bloco para atingir seus objetivos comerciais.

Contudo, o presidente também enfatizou a importância de aprofundar os laços com a China, a qual considera uma grande parceira comercial. Essa dualidade de enfoques reflete a complexidade da posição geopolítica da Argentina sob a nova administração, alinhada com as diretrizes do atual governo dos EUA, especialmente em ideologias e políticas de comércio. No entanto, a proximidade ideológica não se traduz necessariamente em um aumento significativo nas transações comerciais entre os países.

Apesar das críticas de Milei a figuras como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping, a realidade do comércio argentino ainda mostra que Brasil e China são, de fato, os principais parceiros comerciais do país. Em 2024, os intercâmbios comerciais com o Brasil totalizaram cerca de US$ 28 bilhões, enquanto com a China, o comércio aumentou, posicionando-a como a principal fonte de importações, ao passo que os Estados Unidos ocupam a terceira posição na lista de parceiros comerciais da Argentina, com um volume de negócios de cerca de US$ 12,6 bilhões.

Essas dinâmicas comerciais levantam questões sobre a viabilidade de uma mudança tão drástica nas relações comerciais da Argentina e como ela se encaixará no cenário econômico global, especialmente considerando a relevância de seus tradicionais parceiros no Mercosul. O desenrolar dessas estratégias impactará não apenas a economia argentina, mas também a estrutura do próprio Mercosul, uma vez que vários países do bloco dependem da sinergia econômica para sustentar suas economias.

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