Os microplásticos são oriundos, em grande parte, de produtos descartáveis, como embalagens, utensílios e itens de uso único. Além disso, sua presença também é relatada em produtos utilizados na indústria e na medicina. Materiais de higiene pessoal, como cremes dentais, cosméticos e até fibras de roupas, se tornam fontes de contaminação, pois contêm micro partículas que podem ser liberadas no meio ambiente. Isso faz com que a ingestão desses plásticos não seja apenas uma preocupação emergente, mas uma realidade cotidiana; estima-se que um ser humano poderia ingerir cerca de 5 gramas de plástico por semana.
Pesquisas indicam que a presença de microplásticos no sistema circulatório pode aumentar significativamente o risco de doenças cardiovasculares, uma vez que indivíduos com microplásticos nas placas de gordura têm chances 4,5 vezes maiores de sofrer um acidente vascular. Esses dados são relevantes, especialmente em um período em que os acidentes cardiovasculares se tornaram uma das principais causas de morte.
Do ponto de vista ambiental, os oceanos são considerados o ecossistema mais afetado pelos microplásticos. Animais marinhos, ao absorverem água, ingerem involuntariamente essas partículas, acumulando-as em seus sistemas. Essa poluição impacta toda a cadeia alimentar, envolvendo desde pequenos organismos até os grandes mamíferos marinhos. A situação é tão grave que cerca de 9 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos anualmente, com um tempo de degradação que pode chegar a 450 anos.
O Brasil se destaca na pesquisa sobre microplásticos, sendo o segundo país na América em volume de estudos sobre o tema, apenas atrás dos Estados Unidos. Isso ressalta a urgência do combate à poluição plástica e a necessidade de políticas públicas que incentivem a redução do uso de plásticos descartáveis e a promoção de alternativas sustentáveis. A comunidade científica e ambiental mobiliza-se diariamente para entender mais sobre os mecanismos de ação dos microplásticos, na esperança de criar soluções eficazes para um problema em constante crescimento.