Analistas financeiros, como Chris Turner, chefe de mercados globais do ING, destacam que essa situação reflete um temor generalizado entre os investidores: a possibilidade de que a Europa se torne o principal alvo de uma nova guerra comercial entre Washington e Pequim. Recentemente, Trump indicou a intenção de recontratar Robert Lighthizer, o ex-representante comercial que liderou a guerra comercial contra a China em seu primeiro mandato. Essa perspectiva reacende a preocupação de que as tarifas que caracterizaram seu governo anterior possam ser reinstauradas, colocando os países europeus novamente sob pressões comerciais e econômicas consideráveis.
A pressão sobre a indústria europeia vem em um momento crítico, já que o continente ainda luta para se recuperar das consequências da crise energética e das sanções impostas à Rússia devido à guerra na Ucrânia. A tentativa da União Europeia de se desvincular da energia russa, implementada no auge da crise, acabou por acentuar uma recessão em várias economias da região, trazendo à tona a mais severa crise de desindustrialização vista desde a Segunda Guerra Mundial.
A frustração entre os líderes europeus é palpável. Josep Borrell, chefe da política externa da UE, comentou que a vitória de Trump terá “muitas consequências geopolíticas”, indicando uma crescente ansiedade em relação ao futuro das relações transatlânticas sob a liderança do ex-presidente. Com a possibilidade de novos conflitos comerciais à vista, a Europa parece estar se preparando para um cenário desafiador que poderá moldar sua economia por anos. Assim, o retorno de Trump configura-se não apenas como um evento político, mas como um fator potencialmente desestabilizador para toda a economia europeia.