Marqueteiros baianos disputavam quem devia mais tempo à Justiça Eleitoral nos anos 80, revela história por trás das propagandas políticas.



Nos anos 80, a intensa disputa política na Bahia fez com que os marqueteiros locais se envolvessem numa competição inusitada: quem conseguiria acumular mais tempo de propaganda eleitoral devido aos direitos de resposta concedidos pela Justiça Eleitoral. Os programas de rádio e televisão dos candidatos eram marcados por ataques mútuos, muitas vezes ultrapassando os limites da ética e forçando a intervenção do órgão regulador.

Essa prática tão comum na Bahia acabou sendo exportada para São Paulo, com a chegada dos renomados marqueteiros como Geraldo Walter de Souza Filho, Duda Mendonça e Nizan Guanaes. A polarização política na maior cidade do país também resultou em uma enxurrada de direitos de resposta, com a Justiça Eleitoral concedendo generosos minutos de propaganda a candidatos como Paulo Maluf e Marta Suplicy, como forma de compensar os ataques sofridos por seus oponentes.

Perder tempo de rádio e televisão na reta final da campanha eleitoral era motivo de grande irritação para os candidatos, que viam suas oportunidades de divulgarem suas propostas serem prejudicadas pelos constantes embates e acusações mútuas. A lição ficava clara: ocupar o espaço na mídia com ataques podia render minutos preciosos de propaganda, mas comprometia a capacidade de apresentar um projeto de governo consistente.

É interessante perceber como práticas que surgiram em um estado do Nordeste se tornaram parte do jogo político em uma metrópole como São Paulo, evidenciando a influência e a importância dos marqueteiros na construção da imagem dos candidatos. A busca incessante por mais tempo de exposição na mídia era apenas mais uma faceta da intensa batalha pela hegemonia política nas eleições municipais da época.

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