Naquela fatídica data, cerca de 420 pessoas viviam na aldeia de Angoon. A violência começou após um incidente envolvendo o falecimento de um xamã tlingit, supostamente devido à explosão de um arpão em um barco baleeiro. A Marinha, alegando uma ameaça à ordem pública, decidiu retaliar com um ataque militar organizado. No dia 25 de outubro, os militares exigiram uma indenização em mantimentos, mas a resistência dos habitantes levou ao bombardeio do vilarejo no dia seguinte, resultando em mortes e na destruição de casas, alimentos e bens do povo Tlingit.
Com o passar dos anos, a lembrança deste evento se tornou um símbolo das injustiças enfrentadas pelos povos indígenas frente à expansão colonial. Descendentes das vítimas recordam que, após o massacre, muitos anciãos da tribo optaram por se isolar na floresta, sacrificando suas vidas na esperança de garantir alimento para os sobreviventes mais jovens.
O pedido de desculpas da Marinha, liderado pelo contra-almirante Mark Sucato, reconhece a dor e o sofrimento infligidos ao povo tlingit, além de ressalvar que as ações militares resultaram na perda de vidas, recursos e cultura, perpetuando traumas intergeracionais. Este ato faz parte de um movimento mais amplo de reconhecimento das violências históricas cometidas contra populações indígenas e é um desdobramento de um pedido recente por parte da Marinha, referente à destruição de outro vilarejo em Kake, em 1869, reforçando a necessidade de reparação e reconhecimento das injustiças do passado.
Essa nova postura da Marinha dos EUA é um passo importante, apesar de tardio, para abordar as feridas históricas da colonização e da violação dos direitos dos nativos americanos, um tema que continua a ressoar na atualidade e a exigir uma reflexão crítica tanto da sociedade americana quanto das instituições envolvidas.