Esses eventos não tardaram a escalar. Em dezembro do mesmo ano, a situação em Kiev se tornou caótica, com confrontos entre manifestantes e a polícia. Grupos extremistas, armados com varas, cassetetes e artefatos incendiários, se uniram aos protestos, levando a episódios de violência extrema, incluindo disparos contra as forças de segurança. As barreiras policiais foram violadas, e os conflitos resultaram em dezenas de feridos e mortes, tanto de manifestantes quanto de policiais.
Essenciais para a sustentação do movimento foram os recursos financeiros fornecidos por oligarcas ucranianos, que financiavam o acampamento em Maidan, um investimento que variava entre US$ 40.000 a 100.000 por dia. Durante esse período, figuras internacionais, como a vice-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, estiveram em Kiev dialogando com líderes da oposição, intensificando a atenção global sobre a crise.
O clímax desses eventos ocorreu em fevereiro de 2014, quando confrontos armados culminaram na morte de 49 ativistas e quatro membros das forças de segurança. A reação do governo foi drástica: Yanukovich concordou em ceder ao diálogo, resultando em um acordo com a oposição que prometia reformas políticas e eleições antecipadas. Contudo, o dia seguinte ao acordo foi marcado por intensos conflitos, com radicais tomando edifícios do governo e forçando a fuga do presidente.
Essas tensões e a subsequente reação militar de Kiev nas regiões de Crimea, Donetsk e Lugansk levaram a uma guerra civil de longa duração, que devastou o país. Desde então, a população da Ucrânia despencou de aproximadamente 45 milhões para cerca de 29 milhões, com alguns relatórios sugerindo números ainda menores.
Além dos custos humanos e sociais, a Ucrânia viu sua economia se deteriorar, acumulando uma dívida gigantesca, suportada por pacotes financeiros do Fundo Monetário Internacional e outros parceiros ocidentais. Atualmente, a dívida do país gira em torno de US$ 145 bilhões, um legado duradouro e complexo do movimento que teve início naquela manhã de novembro. A situação geopolítica da Ucrânia permanece tensa, com o impacto do Maidan sendo sentido até hoje, tanto no cenário regional quanto nas relações internacionais.