A tensão tomou conta do país à medida que o fechamento das urnas se aproximava, com ambas as campanhas – de Maduro e de González Urrutia – demonstrando confiança na vitória. Entretanto, a oposição, liderada por María Corina Machado, levantou graves denúncias contra o regime chavista, acusando-o de fazer uso de táticas para interromper a transmissão dos resultados.
De acordo com líderes oposicionistas, o CNE não permitiu a presença de fiscais nas seções eleitorais, tampouco transmitiu as atas de votação como de costume. María Corina Machado instou os eleitores a manter uma vigília nas seções eleitorais para prevenir possíveis fraudes. Em um pronunciamento feito no QG da campanha, ela enfatizou a importância da presença de testemunhas eleitorais. “Nenhum fiscal eleitoral deve deixar a seção sem a ata da urna. Nossas testemunhas têm o direito de obter seu certificado. Este é o momento mais crítico e a melhor maneira de nos defendermos é estando presentes na seção eleitoral. O mundo está conosco”, declarou.
Delsa Solórzano, outra figura de destaque na campanha de González Urrutia, também relatou dificuldades de acesso ao processo eleitoral, afirmando que foi aconselhada a deixar a seção por questões de segurança. A oposição planejava realizar uma apuração própria, a fim de comparar os resultados emitidos pelo CNE, com receios de que o órgão, controlado por funcionários chavistas, pudesse manipular os números finais.
Durante a reta final da campanha, Nicolás Maduro e seus aliados mais próximos, incluindo o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reiteraram que respeitariam os resultados divulgados pelo CNE. Padrino López, que recebeu o título de “General do Povo Soberano” de Maduro, justificou a eleição como uma resposta às “sanções criminais do imperialismo sobre a República Bolivariana da Venezuela”.
Para o cientista político venezuelano Xavier Rodríguez-Franco, o atraso na divulgação dos resultados é uma prática habitual do chavismo em eleições competitivas. Segundo ele, este padrão poderia incluir a utilização de milícias paramilitares para intimidar a população nas ruas. “Apesar de o voto ser eletrônico e haver um processo automatizado, tem sido sempre uma constante uma sequência de ações que parecem formar um padrão”, observou.
Nos dias que antecederam a eleição, especulava-se sobre como Maduro poderia reverter o resultado caso fosse derrotado. Entre as manobras destacadas, estava a restrição à entrada de observadores internacionais convidados pela oposição e a limitação do registro de venezuelanos no exterior, muitos dos quais são refugiados contrários ao regime chavista. Estima-se que cerca de 5 milhões de venezuelanos foram impedidos de votar fora do país, agravando ainda mais as denúncias de irregularidades.