Lula descreveu o encontro como “franco e construtivo”, e a abordagem pragmática do presidente brasileiro pode, segundo o especialista Ricardo Cabral, servir para melhorar sua imagem junto ao eleitorado. Ele enfatizou que decisões em diplomacia devem se basear em interesses concretos, em vez de afinidades pessoais ou ideológicas. Este tipo de posicionamento pragmático é considerado crucial, especialmente quando se enfrenta desafios como a imposição de tarifas exorbitantes que incluem aumentos de até 50%.
Oswaldo Dehon, professor de relações internacionais, corroborou a ideia de que a reunião representou uma mudança na percepção de Trump em relação a Lula, passando de uma abordagem ideológica para uma mais realista. Esse novo alinhamento pode resultar em progressos nas relações bilaterais, principalmente se houver uma condução diplomática capaz de navegar as diferenças e tensões geopolíticas existentes.
Entretanto, não se deve subestimar a imprevisibilidade da diplomacia de Trump. Leandro Wolpert, especialista em relações internacionais, lembrou que é ingênuo pensar que os EUA não busquem contrapartidas para a redução das tarifas. O Brasil, por sua vez, tem se colocado como um intermediário na crise entre os EUA e a Venezuela, mantendo sua tradição de promoção da paz na região. Contudo, a eficácia desse papel poderá ser testada em um ambiente onde os interesses dos EUA são dominantes e onde a instabilidade pode limitar as ações do Brasil.
Concluindo, a capacidade de Lula de articular negócios vantajosos com os EUA pode não apenas beneficiar a economia brasileira, mas também reforçar sua governança interna, posicionando o Brasil como um ator relevante no cenário internacional.









