O artigo traz à tona uma crítica contundente à Organização Mundial do Comércio (OMC), que, segundo Lula, está “esvaziada” e sujeita à “lei do mais forte”, uma representação do poderio econômico que ameaça a equidade no comércio global. Analistas, no entanto, apontam para a ausência de menções ao papel da Rússia e da China, enfatizando que, apesar das críticas à ordem internacional, essas potências também foram omissas na proposta de reforma do multilateralismo.
Lula argumenta que a estrutura das organizações internacionais, que remonta ao pós-Segunda Guerra Mundial, não é mais adequada para enfrentar os novos desafios que o mundo enfrenta. Ele propõe uma nova fundação para o multilateralismo, baseada em princípios de justiça e inclusão. Especialistas, como Vinicius Rodrigues Vieira, sugerem que essa abordagem deveria ser mais incisiva ao abordar as potências não ocidentais, dado que tanto a Rússia quanto a China detêm um papel de destaque no cenário internacional.
A desconexão entre o discurso de Lula e suas práticas em política externa também gera debates. Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais, critica a ambivalência do presidente ao lidar com regimes autoritários, como o de Putin, o que pode comprometer a credibilidade do Brasil na busca por uma nova ordem global. Por outro lado, outros analistas têm apontado que o tom do artigo reflete uma tentativa de equilibrar interesses entre o Norte e Sul globais, visando a posicionar o Brasil como um interlocutor respeitável no debate internacional.
Em meio a este contexto, a reflexão proposta por Lula sobre o multilateralismo é uma convocação à ação, para fortalecer as instituições que, de acordo com ele, têm trazido avanços significativos à humanidade. O presidente defende que é vital resistir ao isolamento e buscar soluções cooperativas para os desafios comuns que ameaçam o bem-estar global. Em tempos de crescente polarização, a urgência de renovar e revitalizar as estruturas multilaterais é uma mensagem que ressoa em meio à crise atual, convidando todos os países a unir esforços na construção de um futuro mais justo e sustentável.