A decisão de Lula foi influenciada pelo clima de tensão que se instalou nas relações bilaterais, especialmente após resultados eleitorais que geraram descontentamento em Brasília. O governo brasileiro, junto a aliados como Colômbia e México, havia pressionado o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela para a divulgação das atas eleitorais, documento considerado crucial para validar o pleito e garantir transparência. A negativa do governo Maduro em atender a essa demanda intensificou as críticas do Brasil, que externa uma insatisfação crescente com a postura de Caracas.
A relação deteriorada se agravou ainda mais quando o Brasil se opôs à entrada da Venezuela no BRICS, um bloco econômico que visa promover o desenvolvimento e a cooperação entre países emergentes. O assessor especial da presidência brasileira, Celso Amorim, manifestou-se publicamente ao afirmar que a Venezuela “não contribui” para o funcionamento adequado do grupo. Em resposta, a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, desqualificou essa posição, chamando-a de “irracional”.
Apesar do distanciamento, o governo brasileiro continua a afirmar sua intenção de manter um canal de diálogo aberto com a administração de Maduro. A estratégia parece ser um equilíbrio entre a crítica e a diplomacia, reforçando a necessidade de encontrar soluções pacíficas para os desentendimentos. Assim, ao não enviar um representante de alto escalão para a posse, Lula estabelece uma posição clara sobre o que considera ser uma falta de compromisso por parte de Caracas em relação às exigências de transparência, ao mesmo tempo em que busca manter a comunicação com o vizinho. Esse emaranhado de relações diplomáticas mostra como a política regional pode ser complexa, especialmente em um momento em que a América Latina enfrenta crises políticas e sociais.