Lula critica Israel e destaca a postura assertiva do Brasil em relação aos conflitos no Oriente Médio; especialistas avaliam impacto da atitude diplomática brasileira.



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se manifestado de maneira contundente contra as ações de Israel na Faixa de Gaza desde o início do atual conflito, que se intensificou em 7 de outubro de 2023. Em seus discursos, Lula não hesitou em qualificar a situação como um “genocídio”, referindo-se ao alto número de mortes, especialmente entre crianças, que já atingiu cifras alarmantes. Ele destacou que, apenas algumas semanas após o início das hostilidades, quase 2 mil crianças haviam sido mortas, um número que cresceu para mais de 40 mil ao longo do conflito.

A crítica do governo brasileiro vai além do discurso. Especialistas, como Ualid Rabah, presidente da Federação Palestina do Brasil, apontam que a atuação brasileira no Conselho de Segurança da ONU foi marcante. Durante sua presidência no órgão, o Brasil apresentou diversas propostas para uma resolução de cessar-fogo, que, segundo Rabah, foram barradas pelos Estados Unidos. Além disso, o governo brasileiro tomou a iniciativa de ratificar um acordo de livre comércio com a Palestina, até então paralisado, o que demonstra um esforço concreto de apoio ao povo palestino.

Uma das ações simbólicas mais significativas foi a suspensão da compra de armamentos israelenses, especificamente de 36 obuseiros Atmos, avaliados em R$ 1 bilhão. A decisão foi influenciada por Celso Amorim, assessor especial da presidência. Além disso, Lula retirou o embaixador brasileiro em Tel Aviv em resposta a um incidente de desrespeito por parte do chanceler israelense, Israel Katz.

O apoio humanitário também foi destacado, com o governo brasileiro convidando e acolhendo cidadãos brasileiros-palestinos que estavam retidos em Gaza, um gesto que poucos países adotaram em momentos de crise. Essa postura construiu uma imagem positiva do Brasil no cenário internacional, posicionando-o como um dos primeiros países a se opor abertamente ao genocídio.

Professor Bruno Kocher, da Universidade Federal Fluminense, ressalta que as posições de Lula refletem uma estratégia diplomática humanista, mesmo que as circunstâncias atuais limitem a capacidade do país de influenciar diretamente os eventos no Oriente Médio. Ele destaca que, apesar de a política interna brasileira estar se tornando mais conservadora, o Brasil ainda tem a oportunidade de se afirmar como um líder dentro do chamado Sul Global, utilizando seu capital político e sua história para promover um novo paradigma nas relações internacionais.

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