A controvérsia surgiu após a diretora da Escola Ernesto Alves, Janaina Venzon, gravar um vídeo onde acusa a obra de conter “palavras de baixo calão” e de abordar situações envolvendo atos sexuais. Vale ressaltar que foi a própria diretora quem selecionou o livro para integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), que é responsável por avaliar e disponibilizar obras literárias e didáticas para escolas públicas em todo o país.
O romance de Jeferson Tenório, que oferece uma análise contundente sobre o racismo presente na sociedade brasileira, foi duramente criticado pela gestora da escola. Esta não é a primeira vez que a obra aclamada pela crítica é alvo de censura, sendo que anteriormente uma escola privada em Salvador também proibiu a sua leitura.
Apesar do reconhecimento internacional, com os direitos autorais do livro sendo vendidos para países como Portugal, Itália, Inglaterra, Canadá, França, México, Eslováquia, Suécia, China, Bélgica e EUA, todos os exemplares de “O avesso da pele” foram retirados das bibliotecas de Santa Cruz do Sul. A justificativa das autoridades locais foi de que a decisão de recolher os livros permanecerá até que haja uma posição por parte do governo em relação ao caso.
Diante desse cenário, a censura imposta à obra de Jeferson Tenório foi recebida com críticas e questionamentos sobre a liberdade de expressão e o papel da literatura na reflexão e debate de temas relevantes para a sociedade. A discussão sobre os limites da censura e a promoção do livre acesso à cultura e ao conhecimento certamente continuarão permeando o debate público.