O mundo perdeu Alain Delon, em sua residência em Douchy, a 130 km de Paris, conforme anunciado por seus três filhos. Nascido em 1935, Delon teve uma entrada cinematográfica quase fortuita. Sua aparência marcante e talento natural lhe garantiram um lugar de destaque no cinema desde cedo, consolidando-se como uma lenda através de uma série de filmes notáveis. Apesar da popularidade avassaladora e do sucesso com as mulheres, sua vida pessoal sempre foi marcada por uma profunda melancolia e um sentimento de solidão.
Criado em Sceaux, nos arredores de Paris, Delon parecia ter um destino bem distante dos refletores das telas. Seu pai biológico, um pequeno gerente de cinema, não indicava nenhum presságio glamoroso para sua vida. No entanto, seu visual estonteante, celebrado em muitos países como o “homem mais bonito do mundo”, abriu as portas de um mundo encantado que ele nunca havia planejado ingressar.
A compreensão do verdadeiro Alain Delon, com todas suas nuances e fragilidades, passa por uma análise de seus primeiros 20 anos de vida. Esses anos foram descritos como sombrios e solitários, moldando um caráter que, sem a intervenção do cinema, poderia ter trilhado um destino bem mais trágico. Christophe Carmarans, jornalista da RFI, escreveu sobre essa fase crucial, ressaltando o impacto profundo que ela teve na personalidade de Delon.
A vida de Delon foi marcada por eventos difíceis desde cedo. Quando tinha apenas 4 anos, seus pais se divorciaram, e ele foi criado por uma babá cujo marido era guarda na prisão de Fresnes, a segunda maior penitenciária da França. Em uma de suas entrevistas mais marcantes, Delon revelou: “Passei parte da minha juventude dentro dos muros da prisão de Fresnes”. Essa proximidade com o ambiente carcerário pode ter influenciado a ligação duradoura do ator com figuras criminosas ao longo de sua vida.
A morte de Alain Delon deixa um vazio no cinema francês, mas sua herança artística e sua imagem enigmática certamente perdurarão por gerações.