Essa iniciativa surgiu a partir de uma investigação da atriz Anna Mouglais, que descobriu que a esmagadora maioria dos casos de denúncias de estupro na França são arquivados sem uma investigação adequada. Segundo dados do Instituto para Políticas Públicas, o índice de casos arquivados sem investigação passou de 86% em 2016 para 94% em 2020.
As 100 mulheres retratadas na capa do Le Monde têm em comum a coragem de expor as situações de abuso que enfrentaram, rompendo com o silêncio e a impunidade que muitas vezes cercam esses casos. Este manifesto publicado é um ato de resistência e denúncia contra a violência sexual e sexista que persiste na sociedade francesa.
A repercussão do movimento #MeToo na França ganhou ainda mais destaque por coincidir com a abertura do Festival de Cannes, o que colocou em pauta a questão do abuso no cinema francês. O presidente Emmanuel Macron, que prometeu incluir a noção de consentimento na definição do crime de estupro na legislação francesa, tem sido pressionado por ativistas e organizações de defesa dos direitos das mulheres para cumprir com suas promessas.
O manifesto publicado no Le Monde revela a força e determinação das mulheres francesas em lutar contra a impunidade e a cultura do silêncio que permeiam os casos de abuso sexual. As 80 propostas apresentadas no manifesto buscam garantir apoio legal às vítimas, combater os questionamentos excessivos aos relatos das denunciantes e promover uma mudança de paradigma no enfrentamento da violência sexual e sexista.
Em meio a esse contexto, figuras públicas como a atriz Judith Godrèche e a escritora Christine Angot se unem para dar voz às vítimas e exigir justiça. O movimento #MeToo na França, representado pela capa do Le Monde, é um marco na luta pelos direitos das mulheres e pela proteção contra a violência de gênero.