Lima, que se encontra preso preventivamente há nove meses e é um dos dez réus do caso, afirmou que seu papel como oficial de inteligência era criar cenários hipotéticos que ajudariam a minimizar incertezas relacionadas a assuntos militares. O militar fez referência a um relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022, ressaltando que suas análises estavam baseadas na possibilidade de que tal relatório revelasse uma fraude nas eleições. Ao ser questionado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o porquê de considerar a fraude uma “ameaça” apenas de grupos de esquerda, Lima justificou que a esquerda havia vencido as eleições e, portanto, a fraude, se houvesse, faria sentido em beneficiar os vencedores.
Durante sua defesa, o tenente-coronel sublinhou que o intuito de seu trabalho era de natureza analítica e não política, destacando a função do oficial como a de criar cenários para que o superior pudesse tomar decisões informadas. Lima negou ter recebido ordens diretas para elaborar o documento, nada indicando que houve uma intenção golpista por parte dele.
Além disso, o militar defendeu que suas idas a Brasília, frequentemente associadas a uma suposta vigilância sobre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, tinham como objetivo questões pessoais, como visitar os filhos que estudavam na capital. Ele apresentou documentos para corroborar sua versão e reforçou que suas interações com outros militares não tinham relação com atividades ilegais.
Por fim, Lima expressou seu arrependimento por não ter falado durante o depoimento à PF, em uma situação em que o delegado lhe deu a opção de permanecer em silêncio ou responder a mais de 100 perguntas. Com um pedido expresso para aguardar em liberdade até o julgamento final de seu caso, o tenente-coronel deixou claro sua expectativa de que a verdade seja estabelecida.