JUSTIÇA – Tenente-coronel Hélio Lima defende que documento de “neutralização” é análise militar e nega envolvimento em trama golpista contra autoridades, após 9 meses preso.

Na última segunda-feira, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, do Exército Brasileiro, se manifestou sobre um polêmico documento que supostamente delinearia um plano para “neutralizar” autoridades, mencionado pela Polícia Federal (PF) como parte de uma conspiração golpista em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), Lima alegou que o documento, batizado de “des.op.Luneta”, era, na verdade, um relatório de inteligência militar elaborado para apresentar cenários para o comandante da 6ª Divisão do Exército, localizada em Porto Alegre.

Lima, que se encontra preso preventivamente há nove meses e é um dos dez réus do caso, afirmou que seu papel como oficial de inteligência era criar cenários hipotéticos que ajudariam a minimizar incertezas relacionadas a assuntos militares. O militar fez referência a um relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022, ressaltando que suas análises estavam baseadas na possibilidade de que tal relatório revelasse uma fraude nas eleições. Ao ser questionado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o porquê de considerar a fraude uma “ameaça” apenas de grupos de esquerda, Lima justificou que a esquerda havia vencido as eleições e, portanto, a fraude, se houvesse, faria sentido em beneficiar os vencedores.

Durante sua defesa, o tenente-coronel sublinhou que o intuito de seu trabalho era de natureza analítica e não política, destacando a função do oficial como a de criar cenários para que o superior pudesse tomar decisões informadas. Lima negou ter recebido ordens diretas para elaborar o documento, nada indicando que houve uma intenção golpista por parte dele.

Além disso, o militar defendeu que suas idas a Brasília, frequentemente associadas a uma suposta vigilância sobre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, tinham como objetivo questões pessoais, como visitar os filhos que estudavam na capital. Ele apresentou documentos para corroborar sua versão e reforçou que suas interações com outros militares não tinham relação com atividades ilegais.

Por fim, Lima expressou seu arrependimento por não ter falado durante o depoimento à PF, em uma situação em que o delegado lhe deu a opção de permanecer em silêncio ou responder a mais de 100 perguntas. Com um pedido expresso para aguardar em liberdade até o julgamento final de seu caso, o tenente-coronel deixou claro sua expectativa de que a verdade seja estabelecida.

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