O primeiro a depor é Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Investigações da Polícia Federal apontam que o almirante teria oferecido apoio militar a Bolsonaro para a execução de ações que visavam desestabilizar a ordem democrática no país. Durante uma reunião em 2022 com os comandantes das Forças Armadas, Garnier estaria presente quando o então presidente apresentou propostas para a decretação de estado de sítio e a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com o intuito de barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito por ampla maioria nas urnas.
Após Garnier, outros réus serão interrogados em ordem alfabética sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes. Os depoimentos seguem uma lista que inclui figuras de destaque, entre eles Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; e o próprio Jair Bolsonaro.
Na sessão ocorrida na segunda-feira, a audiência foi marcada pela presença de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que confirmou sua participação em uma reunião crucial onde foram discutidas medidas extremas, incluindo a decretação de estado de sítio e prisão de ministros do STF. Além de Cid, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também se manifestou, negando qualquer envolvimento em ações ilegais de monitoramento durante o governo Bolsonaro.
Os interrogatórios estão previstos para se estender até a próxima sexta-feira, envolvendo não apenas o ex-presidente, mas também outros sete réus que compõem o que é considerado o “núcleo crucial” da trama. A expectativa é que o veredito de condenação ou absolvição seja anunciado no segundo semestre deste ano, com penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão em caso de condenação. O desdobramento deste processo promete impactar significativamente a cena política nacional e as repercussões no democrático processo eleitoral do Brasil.