Os primeiros a se enfrentarem são o tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ambos personagens centrais na investigação. Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro e é um delator do caso, fez alegações serias contra Braga Netto, ex-ministro da Defesa. Ele afirma que o general lhe entregou R$ 100 mil em uma sacola de vinho, dinheiro que, segundo Cid, seria destinado ao financiamento da operação de golpe. Além disso, Cid relatou que um plano para monitorar e até assassinar autoridades foi discutido na residência de Braga Netto, acusações que este nega vehementemente.
Braga Netto, que está detido desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir as investigações, solicita a acareação com o intuito de contestar as declarações de Cid, considerando-as mentiras. A acareação é um mecanismo usado em investigações para que depoentes em situações contraditórias possam apresentar suas versões dos fatos diante do juiz.
Além da dupla central, também serão ouvidos o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes. Torres, que também figura como réu nesta ação penal, solicitou a acareação para esclarecer pontos que considera “nevrálgicos” no depoimento de Gomes.
Este procedimento em geral ocorre de forma restrita, com a presença do ministro Alexandre de Moraes, responsável pela relatoria, advogados, e representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR). O objetivo da acareação é coletar elementos que ajudarão o tribunal a chegar a uma decisão, seja de condenação ou absolvição dos réus, formado por algumas das figuras mais proeminentes do governo de Bolsonaro.
Os réus da ação penal incluem nomes de destaque como Alexandre Ramagem, Almir Garnier, e outros militares e ex-ministros do governo, entre eles o próprio Bolsonaro, apontado como a figura central no suposto esquema. O desfecho dessa ação poderá ter repercussões significativas para a política brasileira, dada a gravidade das acusações e a notoriedade dos acusados.
