Durante esse período, um total de 82 testemunhas, tanto da acusação quanto da defesa, serão ouvidas por meio de videoconferência. Essa metodologia foi escolhida para garantir a imparcialidade das informações, evitando que os depoentes possam combinar suas versões. Entre as testemunhas convocadas estão figuras proeminentes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e parlamentares aliados de Bolsonaro, além do general de Exército Freire Gomes. Este último, segundo as investigações, chegou a ameaçar prender Bolsonaro após o ex-presidente propor, em uma reunião, que as Forças Armadas se alinhassem ao golpe.
Os depoimentos serão supervisionados por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso. Importante ressaltar que essas audiências não poderão ser gravadas, nem pela imprensa, nem pelos advogados presentes.
Após esta fase, o ex-presidente e os demais réus deverão se apresentar para interrogatórios, cuja data ainda não foi divulgada. A expectativa em torno do julgamento, que poderá levar à condenação ou absolvição dos acusados, é alta, e analistas sugerem que a decisão deve ocorrer ainda este ano. Os réus enfrentam graves acusações, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Se condenados, as penas podem exceder 30 anos de prisão.
Os depoimentos não se limitam a ser meras formalidades. A leitura do cronograma indica que figuras-chave do cenário político e militar serão ouvidas. O governador Ibaneis Rocha, por exemplo, aparece entre os primeiros depoentes, após ter sido afastado do cargo em consequência dos eventos de 8 de janeiro. Além dele, testemunhas como o general Marco Antônio Freire Gomes, que teria se oposto às sugestões de Bolsonaro, e vários ex-ministros e parlamentares, também poderão fornecer informações cruciais para o desfecho do processo.
A composição do núcleo 1 da trama golpista reúne algumas das figuras mais influentes do governo anterior, incluindo o próprio Jair Bolsonaro e seu vice, Walter Braga Netto, além de ex-ministros e comandantes militares. A aceitação da denúncia pela Primeira Turma do STF em março passado marca um momento decisivo na história política brasileira e aumenta as tensões em um contexto já polarizado. O desenrolar das oitivas pode ter implicações significativas para o futuro político dos envolvidos e para a confiança da população nas instituições democráticas.