Toffoli havia suspendido a validade do acordo em meados de dezembro de 2023, atendendo a um pedido da companhia dos empresários Joesley e Wesley Batista, controladores do frigorífico JBS, entre outras empresas. Eles alegaram que procuradores da República que participavam da força-tarefa da Operação Lava Jato coagiram os representantes da J&F, desvirtuando mecanismos legais de combate à corrupção. A suspensão temporária dos efeitos do acordo inclui o pagamento de multas que superam R$ 10,3 bilhões.
Outro aspecto importante da decisão de Toffoli foi a concessão à J&F de acesso a todo o material probatório reunido no âmbito da Operação Spoofing, deflagrada em 2019 para investigar a troca de mensagens que supostamente indicam que o então juiz federal Sergio Moro e integrantes do MPF combinavam procedimentos investigatórios no âmbito da Lava Jato.
Paulo Gonet defende que a empresa J&F está buscando se livrar do pagamento dos valores acordados com o MPF em 2017 e não concorda com a decisão monocrática de Toffoli. Gonet afirma que o acordo de leniência da J&F não foi pactuado com agentes públicos responsáveis pela condução da Operação Lava Jato e seus desdobramentos, mas com o 12º Ofício Criminal (Combate à Corrupção) da Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF), no contexto da força-tarefa das operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono Operação Carne Fraca, que não se confundem com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
O procurador-geral também questiona a alegação da empresa de ter sofrido coação para celebrar o acordo de leniência, afirmando que não há como deduzir que o acordo esteja intrinsecamente viciado a partir de ilações e conjecturas abstratas sobre coação e vício da autonomia da vontade negocial.
Diante disso, o recurso apresentado por Gonet busca reverter a decisão de Toffoli, argumentando que a mesma deveria ser submetida ao plenário do STF para ser julgada pelos 11 ministros que compõem a Corte.