Com mais de 85 mil processos tramitando no Judiciário brasileiro, passados quase nove anos da tragédia que resultou em 19 mortes e impactou diversas comunidades ao longo de Minas Gerais e Espírito Santo, as discussões ainda giram em torno de questões financeiras. A proposta mais recente da Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton envolve a destinação de R$ 82 bilhões em dinheiro ao longo de 20 anos, bem como um investimento adicional de R$ 21 bilhões em ações de reparação.
Por outro lado, a União e os governos estaduais exigem ao menos R$ 109 bilhões em compensação financeira, distribuídos ao longo de 12 anos. No entanto, a falta de acordo não se limita apenas ao aspecto financeiro, visto que a questão do monitoramento das áreas contaminadas também divide as partes. Os governos defendem que as mineradoras assumam mais responsabilidades nesse sentido, o que não foi resolvido durante a última audiência.
Além das empresas envolvidas, também participam das tratativas órgãos como o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Minas Gerais, ministério Público do Espírito Santo, e defensorias públicas da União e dos estados afetados. As instituições de Justiça têm se alinhado aos posicionamentos dos governos estaduais.
Tanto a Samarco quanto a Vale e a BHP Billiton manifestaram publicamente seu comprometimento em buscar uma solução justa e integral para a reparação dos danos causados. Enquanto isso, o governo de Minas Gerais defende a implementação de um acordo justo e rápido, apesar das divergências persistirem.
Os atingidos pela tragédia, representados pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), têm reivindicado maior participação nas negociações e criticado a falta de transparência no processo. Desde o acordo inicial firmado após a tragédia, o trabalho reparatório é conduzido pela Fundação Renova, responsável por uma série de ações de compensação. A falta de autonomia da Fundação Renova, levou o Ministério Público de Minas Gerais a solicitar judicialmente sua extinção.
Apesar dos esforços das partes envolvidas, a busca por um consenso ainda se mostra desafiadora e a próxima rodada de negociações ainda está para ser agendada pelo TRF-6. Os milhares de processos e vidas impactadas continuam aguardando por uma resolução justa e efetiva para essa trágica situação.