Em um aparte ao voto da ministra Cármen Lúcia, o ministro ressaltou a gravidade e a intencionalidade dos ataques, rechaçando a ideia de que os manifestantes eram apenas baderneiros descoordenados. Ele afirmou categoricamente que não houve uma “combustão espontânea”, mas sim uma organização bem delineada para a destruição das sedes dos Três Poderes. Moraes não hesitou em apontar Bolsonaro como líder dessa estrutura golpista, utilizando um vídeo em que o ex-presidente faz ataques diretos ao STF como evidência de seu papel central na incitação de tais atividades.
As declarações de Moraes contrastaram fortemente com o voto de seu colega, o ministro Luiz Fux, que em sessão anterior optou por absolver Bolsonaro e cinco aliados das acusações, embora tenha votado pela condenação de outros dois réus. Fux argumentou que as ações de Bolsonaro foram apenas cogitações e que “não aconteceu nada” que justificasse uma punição, classificando como infundadas as alegações que ligam o ex-presidente aos atos depredatórios.
Essas divergências no tribunal revelam o embate entre visões jurídicas e políticas sobre os acontecimentos de janeiro e a figura de Bolsonaro no cenário atual. O julgamento em curso envolve não apenas Bolsonaro, mas também outros sete réus, incluindo ex-ministros e altos oficiais das Forças Armadas, todos acusados de responsabilidade em ações antidemocráticas.
Entre os réus, estão nomes como Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. A expectativa é que o julgamento prossiga com outros votos e argumentações, refletindo a complexidade e a polarização do contexto político brasileiro. A situação continua a ser monitorada de perto pelo público e pela mídia, que aguardam desdobramentos que poderão impactar o futuro político do país.