JUSTIÇA – Ministra dos Povos Indígenas prepara recursos ao STF contra tese do marco temporal das terras indígenas aprovada pelo Congresso

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, declarou que o governo está preparando recursos para recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a recente aprovação da tese do marco temporal das terras indígenas pelo Congresso Nacional. A aprovação dessa tese no Congresso foi seguida pela derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, que estabelece que os indígenas só terão direito ao território em que estavam na data da promulgação da Constituição, em outubro de 1988.

A ministra defende que tanto o Judiciário quanto o Executivo já se posicionaram contra a tese do marco temporal. Segundo Guajajara, o Supremo Tribunal Federal já considerou a tese inconstitucional em setembro deste ano. Posteriormente, o presidente Lula vetou parcialmente o projeto aprovado no Legislativo. A ministra destacou que há uma articulação do movimento indígena, partidos políticos e do próprio Ministério dos Povos Indígenas para entrar com uma ação direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, com a expectativa de que o STF decidirá a favor da ação.

Guajajara também afirmou que o marco temporal não resolverá os problemas fundiários do Brasil, mas causará mais conflitos e dificuldades para a regularização dos territórios. Além disso, a ministra destacou a importância dos povos indígenas na preservação ambiental e na contenção da crise climática, apresentando dados que mostram que a maior parte da biodiversidade protegida no mundo está localizada em territórios indígenas.

A ministra também explicou que o trabalho do Ministério dos Povos Indígenas em 2023 focou na articulação com outros ministérios, prefeitos e governadores, destacando que a política é executada nos territórios e depende do apoio e entendimento das autoridades locais. No entanto, ela também reconheceu que há receio por parte de algumas lideranças políticas de que os indígenas ocupem todas as terras, esclarecendo que há regras e critérios estabelecidos para a regularização dos territórios indígenas.

Atualmente, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) tem o registro de 736 terras indígenas no país, representando aproximadamente 13,75% do território brasileiro. Além disso, há cerca de 490 reivindicações de povos indígenas em análise no âmbito da Funai. A gestão do Ministério dos Povos Indígenas tem buscado promover o diálogo e a articulação para garantir os direitos dos povos indígenas e a preservação de seus territórios.

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