JUSTIÇA – Justiça reconhece vínculo de trabalho de empregada doméstica mantida em situação análoga à escravidão por mais de 70 anos e determina indenização milionária.



A Justiça do Trabalho tomou uma decisão histórica ao reconhecer o vínculo de trabalho de uma empregada doméstica que foi mantida em condições análogas à escravidão por mais de 70 anos. O caso chocante envolveu uma idosa de 85 anos que foi resgatada em 2022 em uma ação conjunta do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), da Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro e da equipe de assistência do Projeto Ação Integrada.

Segundo a investigação, a vítima foi explorada desde os 12 anos de idade, perdendo todos os seus direitos e liberdade ao longo de décadas de serviço dedicado à família dos empregadores, que incluíam até três gerações envolvidas na exploração. O empregador chegou ao ponto de guardar os documentos pessoais da vítima e controlar seus benefícios da aposentadoria.

O juiz Leonardo Campos Mutti, da 30ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, ressaltou a gravidade da situação, destacando que a vítima trabalhou por toda a sua vida sem receber salário ou qualquer direito trabalhista, em condições de trabalho degradantes e sob constante restrição de liberdade. A decisão determinou o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas desde janeiro de 1967 até maio de 2022, assim como uma indenização de R$ 300 mil por dano moral coletivo.

A procuradora do Trabalho responsável pelo processo, Juliane Mombelli, enfatizou a importância do reconhecimento da relação de trabalho em condições análogas à escravidão, destacando o avanço do Judiciário brasileiro no enfrentamento de violações graves aos direitos humanos. O caso serviu como um marco na luta contra a exploração e a escravidão contemporânea no país.

A decisão reforça a importância da fiscalização e do combate a práticas abusivas no mercado de trabalho, mostrando que a Justiça está atenta e disposta a garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores. Espera-se que casos como esse sirvam de alerta e incentivo para a prevenção e punição de situações semelhantes no futuro.

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