Frente a essa determinação, foram especialmente suspensas cláusulas que permitiam a cobrança de honorários sobre indenizações já recebidas, que estabeleciam um foro na Inglaterra e que restringiam a liberdade dos clientes em negociar ou desistir dos processos. Os escritórios envolvidos são a Felipe Hotta Sociedade Individual de Advocacia e o Pogust Goodhead Law, este último localizado na Inglaterra e que mantém uma colaboração institucional com o escritório brasileiro. Embora a liminar tenha sido concedida, cabe recurso.
A juíza federal substituta, Fernanda Martinez Silva Schorr, ressaltou que a Justiça brasileira é a competente para julgar o caso, invalidando, portanto, as cláusulas que previam foro em Londres. Além disso, a Justiça determinou que os referidos escritórios não realizem publicidade que possa desencorajar a adesão aos programas de indenização disponíveis no Brasil, além de ordenar que os honorários sobre indenizações sejam depositados em conta judicial.
No julgamento, a juíza aplicou o Código de Defesa do Consumidor, reconhecendo a “hipervulnerabilidade” das vítimas e a necessidade de uma proteção especial para esses indivíduos. A ação, assinada não apenas pelo MPF, também tem respaldo da Defensoria Pública da União, da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e dos Ministérios Públicos de Minas Gerais e do Espírito Santo.
O escritório Pogust Goodhead Law se manifestou, afirmando que os contratos são regidos pela legislação inglesa, estão em vigor desde 2018 e nunca foram questionados por qualquer um dos mais de 600 mil representados. Afirmaram ainda que a liminar ignora o fato de que o prazo para adesão ao Programa de Indenização já se encerrou e que a ordem de depósito valores é inaplicável, uma vez que o escritório nunca recebeu valores de seus clientes.
O rompimento da barragem, conhecido como “Fundão”, ocorreu em 5 de novembro de 2015 e é considerado um dos maiores desastres ambientais do Brasil, afetando significativamente a bacia hidrográfica do rio Doce e impactando 230 municípios nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O escritório Pogust Goodhead Law Ltd já representa diversas prefeituras na Justiça britânica em ações contra a BHP Billiton, sócia da Vale na Samarco.