No primeiro dia da audiência, na segunda-feira (21), o escritório de advocacia Pgust Goodhead (PG), que representa 620 mil pessoas, 1.500 empresas e 46 municípios atingidos pelo rompimento da barragem, sustentou que as decisões na Samarco só poderiam ser tomadas com o acordo conjunto dos representantes acionistas da BHP e da Vale.
Segundo o representante das vítimas, o Conselho de Administração da Samarco era dominado por representantes da BHP e da Vale, sem nenhum membro independente na diretoria executiva. Além disso, o escritório PG alegou que a BHP estava ciente dos riscos operacionais relacionados ao excesso de despejo de resíduos na barragem de Mariana e permitiu que isso continuasse sendo feito.
Nos próximos dias de audiência, será a vez dos advogados da BHP sustentarem a defesa contra as acusações das vítimas do rompimento. A empresa refuta as acusações sobre seu nível de controle sobre a Samarco, argumentando que a joint venture sempre foi uma empresa com operação e gestão independentes.
Está previsto que o julgamento termine em março de 2025. Especialistas em direitos ambiental, societário e civil brasileiros também participarão do processo, pois a base para a decisão da justiça britânica será a legislação do Brasil. Além disso, especialistas em geotecnia explicarão os processos que levaram ao rompimento da barragem.
Nesta etapa do julgamento, a justiça britânica decidirá apenas se a BHP é responsável pelo rompimento, sendo necessário um novo julgamento para determinar possíveis valores de indenizações. O desfecho desse caso é aguardado com grande expectativa pelos envolvidos e pela população afetada pelo desastre em Mariana.