JUSTIÇA – General revela no STF que impediu ação da Polícia Militar durante invasão ao QG do Exército em 8 de janeiro, visando coordenação das prisões.



Na última quinta-feira, o general Júlio Cesar de Arruda prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Arruda, que era o Comandante do Exército na época, afirmou que não permitiu a ação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) em frente ao Quartel General do Exército, visando realizar a prisão dos manifestantes de forma “coordenada”, em vez de imediata, como determinava uma ordem judicial.

O general foi ouvido em uma ação penal que investiga um suposto golpe de Estado orquestrado para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. Durante sua participação como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Arruda revelou que conhecia Cid apenas de forma esporádica, sem ter conhecimento de seu envolvimento em qualquer plano golpista.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou Arruda sobre sua decisão de não permitir o acesso da PMDF ao local, lembrando um momento em que o general recebeu um telefonema do general Gustavo Henrique Dutra, o então comandante-militar do Planalto, alertando sobre a iminência da prisões. Arruda indicou que era fundamental que a operação fosse realizada de forma organizada, e não sob pressão. Ele se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio, e outros líderes das forças de segurança, acordando que as detenções seriam feitas no dia seguinte.

As ações de Arruda geraram polêmica e levaram à sua demissão do cargo, já sob a administração do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser confrontado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre relatos de que ele teria insuflado a não entrada da PMDF, Arruda declarou não se recordar de ter usado tal frase e reforçou a necessidade de cautela na abordagem, mencionando que o alto nível de tensão da situação demandava um manejo cuidadoso para evitar conflitos.

O depoimento de Arruda é parte de um processo maior que investiga um núcleo central de pessoas acusadas de planejar um golpe em favor de Bolsonaro, que inclui ex-ministros e assessores próximos. Até agora, a defesa de Cid tem buscado demonstrar a reputação militar e o perfil profissional do tenente-coronel, deporantes afirmando que ele nunca misturou questões políticas com sua carreira.

As audiências seguem, e o STF está avaliando depoimentos de diversas testemunhas, tanto de acusação quanto de defesa, em uma das ações penais mais significativas em face às tentativas de desestabilização da ordem democrática no Brasil.

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