JUSTIÇA – “Ex-coordenador da PRF revela blitzes direcionadas para impedir eleitores petistas durante eleições, destacando vínculos da corporação com o governo Bolsonaro.”



Na última segunda-feira, o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, fez uma revelação significativa em um depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele confirmou que houve ações de “policiamento direcionado” durante o segundo turno das eleições de 2022, com o intuito de obstruir o trânsito de eleitores do partido dos trabalhadores. As informações surgiram em um contexto de investigação sobre um grupo de pessoas que teria articulado um golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete indivíduos.

Durante seu testemunho, Adiel apontou que diretores da PRF teriam dado ordens para que blitze fossem realizadas de forma a impedir que ônibus que transportavam eleitores fossem parados. “Estavam criando uma polícia de governo, e não de Estado”, destacou, refletindo sobre a gravidade da situação. Ele ainda revelou que muitos membros da PRF se opunham ao alinhamento da corporação com a imagem de Jair Bolsonaro, que frequentemente participava de eventos públicos com a presença de viaturas da PRF.

Outro depoente, Clebson Ferreira de Paula Vieira, um agente de inteligência que trabalhou sob a gestão do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, confirmou que produziu relatórios de inteligência para auxiliar nas operações da PRF. Ele expressou seu temor ao descobrir que esses levantamentos estavam sendo utilizados para justificar operações ilegais. Vieira revelou que, ao analisar a situação, previa que ações questionáveis ocorreriam novamente durante o segundo turno, embora não tivesse provas concretas.

Entre os dias 19 de maio e 2 de junho, o tribunal ouvirá 82 testemunhas indicadas pela acusação e pelo defesa. Após esses depoimentos, será a vez dos acusados, incluindo Bolsonaro, serem interrogados, embora a data desses interrogatórios ainda não tenha sido definida. À medida que o processo avança, a expectativa é que o julgamento, que vai decidir a sorte dos réus, ocorra ainda este ano. Eles enfrentam acusações de crimes graves, como organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta da democracia.

Esses testemunhos revelam um quadro alarmante sobre as possíveis manipulações que ocorreram durante as últimas eleições, evidenciando uma crise não apenas política, mas também institucional, ao sugerir que a máquina pública foi desviada de sua função para atender a interesses políticos específicos. Os desdobramentos dessa investigação poderão ter repercussões significativas para o futuro da política do país e para a credibilidade das instituições.

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