JUSTIÇA – Defesa de Bolsonaro argumenta que não houve atos de violência ou crime em suposta tentativa de golpe de Estado durante julgamento histórico no STF.

O advogado Paulo Cunha Bueno defendeu nesta quarta-feira (3) que a Procuradoria-Geral da República (PGR) busca condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta “tentativa da tentativa” de golpe de Estado. Durante sua argumentação, Bueno sublinhou que não há evidências concretas de que Bolsonaro tenha tomado qualquer atitude que contribua para uma ruptura institucional. O foco de sua sustentação foi a ausência de provas tangíveis contra seu cliente.

Em uma análise detalhada da legislação penal, Bueno argumentou que a redação dos crimes relacionados ao Estado de Direito é restrita e específica, uma escolha deliberada do legislador para evitar que esses crimes sejam utilizados como instrumentos em disputas políticas. Ele enfatizou que a definição de golpe de Estado requer a evidenciação de “violência e grave ameaça”, ressalvando que, até o momento, a PGR não apresentou provas que comprovem que Bolsonaro tenha praticado tais atos.

Ele afirmou categoricamente: “Não é possível acreditar que, em algum momento, haja um elemento que aponte ao presidente Jair Bolsonaro um ato violento ou de grave ameaça”. Bueno também destacou que, mesmo que o ex-presidente tenha discutido a proposta de um decreto golpista, essa mera cogitação não se configura como um crime, já que o legislador não criminalizou atos preparatórios e, portanto, não podem ser puníveis.

Insistindo em que todas as ações de Bolsonaro após a derrota eleitoral de 2022 foram voltadas para uma transição pacífica de governo, o advogado mencionou a assinatura antecipada da nomeação de comandantes militares para o novo governo como uma evidência do seu compromisso com a regularidade da transição.

No entanto, o ex-presidente não reconheceu imediatamente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e se ausentou de cerimônias tradicionais, como a passagem da faixa presidencial. O julgamento, que pode resultar na condenação de Bolsonaro e de outros sete aliados, está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso envolve não apenas o ex-presidente, mas também altos oficiais do governo anterior. A primeira sessão do julgamento foi realizada na terça-feira (2) e outras serão realizadas ao longo da semana, com um total de oito sessões programadas. O magistrado Alexandre de Moraes, ao abrir os trabalhos, fez um forte apelo à defesa da soberania nacional e da independência do Judiciário.

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