Denner, que já frequentemente lidava com episódios de surto psicótico, estava em uma dessas crises quando sua mãe, Antônia Regina Gonçalves, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para solicitar ajuda. De acordo com relatos, a equipe médica exigiu que a Polícia Militar fosse acionada para garantir a segurança dos socorristas. A situação se complicou quando Denner, portando uma faca de cozinha, avançou na direção dos paramédicos. Os PMs, identificados como Pedro Henrique Leite Santos e Thiago William Martins, dispararam cinco vezes, resultando em quatro tiros que atingiram Denner e um disparo que feriu um dos socorristas. Denner faleceu no local.
A morte gerou indignação, especialmente por parte de sua mãe, que assistiu ao confronto e descreveu a cena como “um crime cruel”. Ela questionou a necessidade de tanta força letal e ressaltou que os policiais possuíam armas não letais, como tasers, que poderiam ter sido usadas. Imagens e gravações das câmeras corporais dos PMs revelaram que havia discussões sobre a utilização desses dispositivos antes do confronto, levantando dúvidas sobre a intenção e o treinamento dos policiais.
Após uma breve investigação, o Ministério Público decidiu arquivar o caso, argumentando que a ação dos policiais foi amparada pela legítima defesa. Entretanto, Regina, com o coração dilacerado, expressou sua revolta e desespero com a decisão, afirmando que não consegue encontrar motivo para continuar vivendo. Ela utilizou sua dor para fundar a Associação DW – A Força Materna do Luto à Luta, buscando apoio a outras mães que, assim como ela, enfrentam a perda de filhos.
Este triste episódio ilustra não apenas a complexidade das interações entre autoridades e indivíduos com doenças mentais, mas também o impacto devastador que essas situações podem ter sobre as famílias. O arquivamento da ação penal deixa um vazio na busca por justiça e uma sensação de impunidade que ainda ressoa em muitas comunidades.









