Ana Paula também destacou que os policiais deveriam ter realizado uma análise para avaliar em que nível de consciência e situação as vítimas estavam e iniciado o suporte de vida, pois a parada cardiorrespiratória é uma emergência de primeira categoria. Ela ainda explicou que substâncias como o gás de pimenta, amplamente usadas pela polícia, podem desencadear piora nos quadros respiratórios já fragilizados, e que muitos países proíbem o uso dessas substâncias na contenção ou dispersão de multidões devido aos riscos de processos alérgicos.
Além disso, o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense conta com seis especialistas de diferentes áreas envolvidos no caso, e a coordenadora da equipe do Coaf que ficou responsável pelo caso, a doutora em antropologia social Desirée Azevedo, informou que a equipe analisou mais de 50 áudios de WhatsApp trocados pelos policiais, 12 vídeos, fotografias e registros do GPS das viaturas destacadas na operação, entre outros materiais audiovisuais.
A ação da Polícia Militar em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, em dezembro de 2019, resultou na morte de nove jovens. Os policiais envolvidos afirmam que as mortes foram causadas por pisoteamento, mas um relatório elaborado pela Defensoria Pública de São Paulo contesta essa versão, apontando a asfixia como a causa das mortes, decorrente do uso de gás lacrimogêneo.
Na audiência, a imparcialidade de Ana Paula foi questionada pelos advogados que representam os réus, que sugeriram que as mortes teriam relação com o uso de álcool e drogas ilícitas, e fizeram perguntas sobre a possibilidade de as vítimas não terem conseguido responder bem diante do tumulto. A investigação continua, com mais detalhes sendo analisados para que a justiça seja feita no caso do Massacre de Paraisópolis.