A denúncia, formulada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, descreve uma estratégia orquestrada para desestabilizar o governo, associando os envolvidos a ações que teriam como objetivo semear o caos e agitar as massas em apoio a um golpe de Estado. A subprocuradora-geral, Cláudia Sampaio Marques, afirmou que os acusados estavam envolvidos em planos táticos que incluíam o sequestro e assassinato de figuras proeminentes, como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Entre os elementos da denúncia estão os projetos identificados como “Punhal Verde” e “Copa 2022”, que foram nomeados a partir de documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF). A defesa, no entanto, aponta que as alegações carecem de fundamentação concreta, evocando a trajetória de alguns acusados que, segundo seus advogados, não demonstram vínculos diretos com a suposta conspiração.
O advogado Cesar Lopes de Oliveira, que representa o general Nilton Diniz Rodrigues, enfatizou a ausência de evidências que comprovem a participação de seu cliente no complô, lembrando que ele estava em missão no exterior durante a maior parte do governo Bolsonaro. A defesa argumenta que não existem mensagens ou condutas que incriminem o general, e que sua presença em uma reunião foi interpretada de maneira exagerada.
Outro aspecto abordado durante a sessão foi a alegada seletividade da PGR em ignorar partes de delações que poderiam mitigar a gravidade das acusações. O advogado Jeffrey Chiquini da Costa, representando o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, destacou que a PF desconsiderou provas que poderiam indicar a inocência de seu cliente, como registros de sua localização no dia mencionado na denúncia.
Já Ramon Mas Gomez Júnior, defensor do policial federal Wladimir Matos Soares, criticou o caráter das informações que seu cliente teria compartilhado. Ele argumentou que os dados, considerados sigilosos, já estavam amplamente divulgados pela mídia, deslegitimando a acusação de que seu cliente teria agido de maneira imprudente.
Com diversas facetas sendo expostas, o julgamento representa não apenas uma reflexão sobre a legalidade das ações dos acusados, mas também sobre a eficácia e a credibilidade das provas apresentadas por uma das instituições mais importantes do sistema judiciário brasileiro. A continuação da análise do caso promete trazer novos desdobramentos no entendimento sobre a responsabilidade dos envolvidos e os limites da participação política em contextos de tensão institucional.