Julgamento conclui que crime da Chacina de Acari segue impune após 34 anos; Estado é condenado por discriminação racial.



No desenrolar do julgamento iniciado em outubro de 2023, a justiça confirmou algo que já era conhecido há 34 anos: um crime permanece impune, deixando sem respostas sobre o paradeiro dos jovens vítimas e de seus algozes. A tragédia que abalou Acari teve um desfecho amargo, com a condenação do Estado brasileiro por discriminação baseada em racismo e preconceito social contra o grupo “Mães de Acari”, formado pelas mães das vítimas desaparecidas e por familiares que clamavam por justiça e respostas ao longo dos anos de investigação.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou a continuação das investigações para encontrar os jovens desaparecidos, além de exigir um ato público de reconhecimento da responsabilidade internacional, a criação de um memorial em Acari e um estudo profundo sobre a atuação das milícias e grupos de extermínio no Rio de Janeiro.

O crime em questão remete a julho de 1990, quando homens encapuzados e fardados invadiram um sítio em Magé, sequestrando oito adolescentes e três adultos de Acari, que estavam passando o fim de semana no local. A crueldade do ato foi testemunhada pela dona do sítio e seu neto, os únicos que conseguiram escapar.

Após o sequestro, o veículo utilizado foi encontrado carbonizado, com vestígios de sangue, levando a Polícia Militar a concluir que policiais militares e civis estavam envolvidos. No entanto, o processo penal foi arquivado em 2011 por falta de provas, sem que o Estado do Rio de Janeiro providenciasse a reparação dos danos materiais e morais causados às famílias, culminando na prescrição do crime.

A incerteza sobre o destino dos jovens Wallace, Hedio, Luiz Henrique, Viviane, Cristiane, Moisés, Edson, Luiz Carlos, Hoodson, Rosana e Antonio Carlos permanece, assim como em outros casos emblemáticos da violência no Brasil, como o desaparecimento de Amarildo de Souza, no Rio, e de Davi Fiúza, outros nomes que marcaram a história recente do país.

Este triste capítulo na saga da violência e impunidade no Brasil ressalta a importância da luta das famílias das vítimas e de organismos internacionais na busca por justiça e na denúncia de práticas que violam os direitos humanos mais fundamentais.

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