Essa medida de evacuação em massa não é inédita. Israel tem sistematicamente ordenado que a população de Gaza, de aproximadamente 2,3 milhões de pessoas, deixe áreas específicas, muitas das quais já foram profundamente danificadas em confrontos anteriores com grupos terroristas palestinos. Desta vez, as ordens abrangem regiões de Khan Younis, incluindo partes de uma zona humanitária previamente designada por Israel. De acordo com os militares israelenses, foguetes foram lançados dessas áreas.
Khan Younis, a segunda maior cidade de Gaza, já sofreu uma grande destruição durante uma ofensiva aérea e terrestre no começo do ano. Na semana passada, milhares de pessoas novamente fugiram após um novo aviso de evacuação. Cenários de famílias desesperadas se repetem, com muitos carregando seus pertences em busca de um abrigo seguro. A realidade é brutal: acampamentos superlotados e escolas transformadas em refúgios temporários, como a que foi alvo do ataque no sábado.
O testemunho dos deslocados revela o drama humano em curso. Amal Abu Yahia, uma mãe de três filhos, contou que esta é a quarta vez que é forçada a deixar seu lar. Após o último ataque aéreo israelense, ela e sua família tentaram se abrigar em Muwasi, um acampamento de barracas ao longo da costa, mas não encontraram espaço disponível. Ramadan Issa, um pai de cinco filhos, também testemunhou o caos, descrevendo como ele e outros 17 parentes caminharam em direção ao centro de Gaza em busca de segurança.
Os números de mortos na região são alarmantes. O Ministério da Saúde de Gaza informa que a guerra de dez meses já fez quase 40 mil vítimas fatais, embora os detalhes sobre quantos eram combatentes permaneçam obscuros. Organizações humanitárias enfrentam grandes desafios para responder à crise, enquanto especialistas alertam sobre a iminente ameaça de uma fome em massa.
O conflito teve início em 7 de outubro, quando militantes do Hamas rompendo as defesas de Israel, invadiram comunidades agrícolas e bases militares próximas à fronteira, resultando na morte de aproximadamente 1.2 mil pessoas e no sequestro de cerca de 250, a maioria civis. Desde então, esforços diplomáticos liderados pelos Estados Unidos, Egito e Qatar têm buscado um cessar-fogo e a libertação de reféns, mas sem sucesso até agora. A escalada do conflito também aumentou o risco de uma guerra regional, com Israel trocando tiros com Iran e seus aliados militantes em várias partes da região.
O bombardeio de sábado também atingiu um mesquita dentro de uma escola na Cidade de Gaza, onde muitas pessoas estavam abrigadas. As perdas foram imensas, com cerca de 80 mortos e 50 feridos, de acordo com fontes locais. O exército israelense disputou esses números, afirmando que o ataque matou 19 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica. A situação permanece tensa e complicações adicionais não foram confirmadas de forma independente.
O ataque trouxe condenações de líderes europeus e preocupação dos Estados Unidos, enquanto a vice-presidente Kamala Harris salientou a necessidade urgente de um cessar-fogo e retorno dos reféns. O mundo observa, apreensivo, um conflito que parece longe de um desfecho pacífico.