Após deixar ao menos oito mortos e causar graves danos materiais nas ilhas de St. Barth, St. Martin e Barbuda, no Caribe, o furacão Irma — o maior já registrado no Oceano Atlântico, de categoria 5 — continua seu caminho e avança agora sobre Anguila, as Ilhas Virgens britânicas e Porto Rico. A expectativa é que ele chegue à Flórida, nos EUA, até domingo. E para piorar a situação, as tempestades tropicais Katia, no Golfo do México, e José, no Atlântico e rumando para o Caribe, foram elevadas à categoria de furacão ontem. É a primeira vez em sete anos que se registram três furacões ao mesmo tempo na região.
Ontem, os governadores da Flórida, das Carolinas do Sul e do Norte e da Geórgia declararam estado de emergência em diversos condados litorâneos. Rick Scott, da Flórida, advertiu que todo o estado — onde moram 400 mil brasileiros — deve estar preparado para enfrentar o Irma, possivelmente mais devastador do que o Andrew, que matou 105 pessoas em 1992. O estado de Veracruz, no litoral do México, também entrou em estado de alerta por causa do furacão Katia, que pode tocar terra até amanhã, informa o Extra.
Nos EUA, mil homens da Guarda Nacional estão sendo deslocados para a Flórida, onde todos os pedágios foram suspensos para permitir fugas mais rápidas nas áreas ameaçadas no estado.
“Não se sente e espere pela chegada do furacão Irma. Ele é extremamente perigoso e mortal e vai causar devastação. Prepare-se agora”, escreveu Scott no Twitter. “Nós podemos reconstruir sua casa, mas não sua vida. A tempestade é maior, mais rápida e mais forte que o furacão Andrew.”
‘DEVASTAÇÃO ABSOLUTA’ EM BARBUDA
O Irma chegou na madrugada de ontem à ilha de Barbuda, destruindo casas e inundando várias pequenas ilhas. Com ventos de até 300km/h, ele segue avançando pelo Caribe, onde pode desencadear enormes tormentas e ondas gigantes — ontem, o avião em que viajava o Papa Francisco para a Colômbia teve que desviar sua rota para evitar o fenômeno. Um barco que se chocou contra uma casa na Ilha de Culebra, em Porto Rico, e outros também foram atingidos nas Ilhas Virgens britânicas. Os quatro edifícios mais sólidos da ilha francesa de St. Martin foram destruídos, de acordo com o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, que teme que a destruição seja de grandes dimensões.
A ministra de territórios ultramarinos da França, Annick Girardin, por sua vez, confirmou que sete pessoas morreram nas ilhas de St. Barth e St. Martin. Segundo ela, o governo está lançando um plano de emergência, mas lembrou que autoridades poderiam não ter acesso rápido às áreas mais afetadas.
O furacão Irma danificou 90% das construções de Barbuda, onde também fez uma vítima fatal, e deixou parte da pequena ilha incomunicável, segundo o premier Gaston Browne. Mas os serviços meteorológicos são ainda mais pessimistas e preveem rajadas de até 360 km/h — o que não se vê desde o furacão Gilbert, em 1988. Pior: o vento de poder destrutivo deve se intensificar com o passar das horas. Em Porto Rico, onde o furacão chegou com força na noite de ontem e deixou metade das casas sem energia elétrica, as autoridades lamentam os estragos.
— Foi uma devastação absoluta. A reconstrução levará anos — disse o governador Ricardo Rosselló, que estimou prejuízos de US$ 150 milhões.
ESTREIA DA NFL ADIADA NA FLÓRIDA
Rosselló anunciou a instalação de abrigos para 62 mil pessoas, bem como a suspensão das aulas. O diretor da Divisão do Caribe da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema), Alejandro de la Campa, por sua vez, disse que um porta-aviões dos EUA foi mobilizado para ajudar em casos de emergência.
Hoje, o furacão deve atingir República Dominicana e Haiti. A previsão ainda é incerta, mas, se continuar a trajetória rumo ao noroeste, o furacão pode chegar com força ao Sul da Flórida até domingo. As estimativas, no entanto, não descartam que siga em direção ao Golfo do México. Após a morte de mais de 60 pessoas no Texas, na passagem do Harvey, na semana passada, o governador Rick Scott alertou a população a respeitar as ordens de retirada.
Ontem, algumas ilhas ao Sul do estado, as Florida Keys, e outras cidades foram esvaziadas, e turistas deixaram a região. Escolas públicas foram fechadas e a partida de estreia da maior liga de futebol americano do país (NFL), entre Miami Dolphins e Tampa Bay Buccaneers, foi adiada.
— Comprei água, gelo e alguns alimentos. Temos um gerador e estamos nos preparando — contou a americana Cecily Robinson. — Sobrevivi ao furacão Andrew em Miami, ao Katrina, ao Wilma.
Enquanto isso, no Atlântico, a tempestade José, que se fortalece rapidamente, alcançou ontem a categoria de furacão, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC) — ele pode atingir a categoria 3. Já a tempestade tropical Katia virou furacão de categoria 1 no Golfo do México.