Investigado pela PF, dono de ONG que receberá R$26 mi de políticos liga-se a contratos suspeitos em Ubaíra e Tocantins.



O empresário alagoano Ramalho Souza Alves, responsável pela ONG Econacional, com sede em Maceió (AL), está no centro de uma investigação da Polícia Federal. Ele é um dos alvos da Operação Fames 19, que apura desvios de recursos públicos na compra de 1,6 milhão de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. A Polícia Federal identificou que R$ 5 milhões foram pagos pelo Governo do Tocantins a empresários, mas que boa parte dessas cestas básicas não foi entregue à população necessitada.

A Operação Fames, cujo nome deriva do latim e significa fome, resultou na realização de 42 mandados de busca e apreensão autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ramalho Souza Alves, que se autodenomina administrador de empresas, foi um dos indivíduos visitados pela PF. Em dezembro, apenas quatro meses após ter sido alvo da Polícia Federal no Tocantins, o empresário conseguiu um contrato de R$ 26 milhões por meio da bancada de deputados e senadores do Distrito Federal.

Esse montante está destinado aos projetos “Emprega mulher” e “Empreendedora digital”, os quais visam inserir mulheres no mercado de trabalho e incentivar o empreendedorismo. A ONG sediada em Alagoas não quis informar se possui funcionários ou estrutura no Distrito Federal. O dinheiro para a Econacional é proveniente de uma emenda de bancada, que busca financiar projetos para a região. No entanto, nos últimos anos, essa emenda passou a ser compartilhada informalmente por cada parlamentar, tornando difícil identificar o responsável individual pela destinação do recurso.

Além das investigações da Polícia Federal, Ramalho Souza Alves também está sob escrutínio da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas do Tocantins (TCE-TO) devido à gestão questionável que exerce na Cooperativa de Trabalho em Serviços Gerais e Administrativo (Contrate). Há indícios de irregularidades em um contrato de R$ 4,6 milhões firmado em 2021 entre a prefeitura de Aliança do Tocantins e a cooperativa.

A CGU apontou que a Contrate, apesar de ser classificada como cooperativa, se comportava como uma empresa. Já o TCE-TO destacou a ausência de justificativas em relação aos gastos citados no contrato. Outros detalhes apontam para a intermediação de mão de obra, prática proibida pela Lei das Cooperativas. A suspeita é de que a Cooperativa Contrate atue como uma empresa e não como uma entidade cooperativista genuína.

O empresário Ramalho Souza Alves também é mencionado em doações eleitorais realizadas em seu município de origem, Ubaíra, onde mantém relações políticas. Apesar das acusações e investigações em seu nome, ele não retornou os contatos nos quais foi solicitado para prestar esclarecimentos. A situação envolvendo Ramalho Souza Alves e a ONG Econacional demonstra a importância da transparência e da conformidade com a legislação por parte das entidades que recebem recursos públicos.

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