Esses valores, segundo as investigações da Polícia Federal, eram provenientes de propinas cobradas de comércios clandestinos, como casas de prostituição, jogos ilegais, desmanches de veículos, postos de combustíveis e lojas de celulares que vendiam aparelhos provenientes de contrabandos. Essas quantias eram pagas para garantir que esses negócios irregulares funcionassem sem a interferência policial.
A lista de Bombom, com seis páginas, revelou que em apenas um mês a quadrilha arrecadou R$ 518.200. Além dos estabelecimentos ilegais, a lista apontava propinas pagas por comércios legais, como um salão de cabeleireiro que desembolsou R$ 2.000 e um homem que pagou R$ 100 mil, sem especificar o tipo de comércio.
Esses valores arrecadados eram divididos entre os policiais corruptos que faziam parte da quadrilha liderada por Bombom. O investigador ocupava o cargo de chefe de investigações do Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado da 5ª Delegacia Seccional da zona leste de São Paulo, quando foi preso.
Além de Bombom, também foram detidos o chefe de investigações Eduardo Monteiro, o delegado Fábio Baena e o investigador Marcelo Roberto Ruggieri. O agente de telecomunicações Rogério de Almeida Felício se entregou à polícia seis dias depois. Essa ação foi resultado de uma investigação que teve início após o assassinato do delator do PCC, Vinícius Gritzbach, cujos relatos foram fundamentais para desmantelar a quadrilha de policiais civis corruptos e advogados ligados à facção criminosa.
A Polícia Federal detalhou como as planilhas apreendidas foram interpretadas, identificando os tipos de estabelecimentos e os valores recebidos. Advogados criminalistas foram apontados como responsáveis por indicar os alvos da cobrança de propina, num esquema de corrupção que também envolvia a lavagem de dinheiro do PCC. As defesas dos suspeitos não foram localizadas até o momento.